A Bíblia
contém apenas as opiniões dos homens?
Autor: Rev. Prof. Dr. Herman Hanko. Traduzido
e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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Pergunta: “Em I Coríntios 7:6, onde Paulo fala da
devida benevolência que os cônjuges devem sexualmente um ao outro, ele diz explicitamente que não é um
mandamento direto do Senhor,
mas algo que ele declara 'por permissão': 'Mas Falo isso por permissão, e não
por mandamento.' O que nós fazemos disso?"
Houve, ao longo dos anos, uma grande discussão sobre
um texto como este. O problema inclui o versículo 12 deste mesmo capítulo, bem
como II Coríntios 8:8. Esses textos têm sido usados pelos inimigos da
inspiração divina para tentar provar que a Bíblia frequentemente contém apenas
opiniões pessoais de homens.
No entanto, acreditamos na inspiração verbal da
Bíblia. Cada palavra na Escritura é diretamente inspirada por Deus e não deve
ser considerada meramente como uma opinião ou palavra que o escritor inseriu em
adição ao que o Espírito Santo soprou. A batalha com os críticos não deve ser
interpretada como um argumento ou debate em que cada parte tenta apresentar uma
prova superior que seja totalmente convincente. Acreditamos sem qualquer sombra de dúvida que
a Escritura é verbalmente inspirada por Deus por meio do Espírito Santo: cada
palavra é Sua palavra.
A base para nossa firme crença é o testemunho da
própria Escritura; não é meramente nossa convicção privada. Enquanto eu ouso
dizer que a prova da inspiração infalível da Bíblia pode ser encontrada em cada
página da Sagrada Escritura, os dois textos principais são II Timóteo 3:16 e II
Pedro 1:20-21. Isso significa que devemos explicar o texto ao qual o
questionador se refere (bem como textos semelhantes) como parte da Palavra
infalivelmente inspirada.
Deixe-me ser claro neste ponto. Quando digo que este
texto é parte da Escritura infalivelmente inspirada, não quero dizer que Deus
infalivelmente inspirou Paulo a dizer àqueles a quem escreveu que Deus inspirou
Paulo a dizer que essas palavras eram palavras de Paulo e não palavras de Deus,
ou seja, que essas palavras foram inspiradas formalmente, mas não
materialmente, ou seja, inspiradas no que dizem. Quero dizer que eles foram
inspirados tanto materialmente quanto formalmente. O que Paulo escreve é
também a verdade de Deus.
O Ver. Prof. Dr. Engelsma afirma: “A vida de
solteiro é boa na medida em que o casamento não é um requisito absoluto para os
cristãos. Este é o ponto do apóstolo no versículo 6: 'Mas eu falo isso por
permissão, e não por mandamento.' Ele acaba de exortar homens e mulheres na
igreja a se casarem e viverem juntos sexualmente (vv. 2-5). Alguém poderia
supor que este era um comando para todos, sem exceção. Não é assim, diz Paulo
no versículo 6. O casamento é permitido, não ordenado. Portanto, a vida de
solteiro é uma opção para o cristão. A solteirice é um
modo de vida terreno no qual o crente pode servir ao Senhor tanto quanto o casamento”
(Better to Marry, pp.
43-44; disponível na CPRC Bookstore por £8,80, inc. P&P).
Com esta pergunta, sou levado a mencionar um
elemento de inspiração que requer mais explicações. Muitas vezes o apelo é
feito, como eu disse, para esta e outras passagens semelhantes para provar que
há um “lado humano” da inspiração em que os “autores secundários” foram
autorizados a expressar suas próprias opiniões. Eles afirmam que as opiniões de
homens que não são inspirados por Deus podem ser encontradas em toda a
Escritura. Diz-se que Deus é o Autor primário e os homens os “autores
secundários”.
O teólogo holandês Herman Bavinck (1854-1921)
fez essa distinção entre “autores secundários” e um autor primário. Mas fique
claro: Bavinck não quis dizer que os chamados “autores secundários” pudessem
expressar suas próprias opiniões. Ele acreditava firmemente na inspiração
infalível de toda a Escritura. Ele acreditava que Deus era o Autor da Bíblia,
mas que Ele usou homens para escrever as Escrituras, homens com suas próprias
personalidades, habilidades, lugares na história e conhecimento da criação de
Deus. Suas personalidades dão à Bíblia um sabor humano, pois a identidade dos
escritores que Deus usou para escrever diferentes partes está impressa em seus
escritos. Mas Deus soprou cada palavra pelo Seu Espírito (II Timóteo 3:16).
Essa era a posição de Bavinck.
Embora eu não discorde do que Bavinck disse, prefiro
não usar a distinção que ele usou. Deus é o Autor da Escritura, o único Autor.
Não havia “autores secundários”. Deus usou os homens, mas eles não funcionaram
como meros secretários que estavam anotando ditados. Gordon Clark, em seu livro
God's Hammer, chama a atenção para o fato de que Jeová está no controle
soberano de todas as coisas enquanto Ele realiza Seu plano eterno (Efésios
1:11). Deus ordenou eternamente que Ele preparasse um livro, inspirado por Ele
mesmo, no qual Ele contaria à Sua amada igreja todas as Suas obras poderosas,
especialmente a salvação pela graça somente através da cruz de nosso senhor Jesus Cristo. Deus ordenou
todos os homens que Ele usaria por cerca de 1.500 anos: Moisés, Davi, Isaías,
Paulo, etc. Ele determinou eternamente seus dons e habilidades para que eles
estivessem perfeitamente qualificados para escrever as partes das Escrituras
que Ele lhes designou. Na poderosa providência de Deus, tudo o que Ele
determinou foi realizado: os tempos dos nascimentos dos escritores da Bíblia;
as circunstâncias de sua educação; e seus papéis em seus lares, suas sociedades
e suas nações (por exemplo, Paulo nasceu romano de acordo com o decreto de
Deus).
Assim, Deus é o Autor. A escrita da Escritura foi um
milagre, de modo que todas as qualidades e experiências daqueles que Ele usou para escrever a
Bíblia estão na superfície de seus escritos, mas eles foram “movidos
pelo Espírito Santo” (II Pe.
1:21). A palavra “movido” neste versículo é a mesma palavra usada para
descrever como um navio no mar é levado pelo vento, desde o ponto de partida
até o ponto de chegada. O homem caído acha a Palavra de Deus desagradável
porque proclama que ele é um pecador digno do inferno. As Escrituras declaram
as gloriosas “boas novas” de que Deus salva Seus eleitos através da maravilha
da cruz de Jesus Cristo e Sua ressurreição dos mortos.
Ela fala do que Deus requer de Seus filhos
regenerados. Essas exigências são contrárias à natureza pecaminosa que levamos
conosco para a sepultura. Somos consolados por nossa vitória em Cristo, o
perdão de nossos pecados em Seu sangue e a esperança da glória quando nos
unimos à igreja de todas as heras no céu. Brincar com a Palavra para justificar
os próprios desejos e anseios é dar um tapa na cara de Deus, negar as
Escrituras infalíveis e continuar a deleitar-se com o pecado. Isso é o que
grande parte da igreja faz hoje com sua aprovação da homossexualidade, mulheres
nos cargos eclesiásticos da igreja, transgenerismo,
feminismo, aborto, teologia da prosperidade, arminianismo e outras práticas igualmente
abomináveis. Agradeça a Deus pelo evangelho encontrado nas páginas de Sua
Palavra infalível que é nossa força e guia por toda a vida.