A suficiência do evangelho.
Autor: Rev. Prof. Dr. Herman Hanko. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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O artigo que apareceu na última edição tratava da
questão se o ensino de
Jesus em Lucas 16:19-31 era uma parábola ou uma descrição de algum evento que realmente
aconteceu na Palestina. Concluí que, por várias razões, esta passagem da
Escritura deve ser considerada uma parábola. Mas também aproveitei a
oportunidade para dizer algumas coisas sobre o significado da parábola,
particularmente que Jesus de fato incluiu o que pode ser considerado duas
parábolas diferentes nesses versículos. Cheguei a essa conclusão com base no
fato de que a seção pode ser dividida em duas partes, ambas ensinando uma
verdade diferente.
A primeira parte, vs. 19-27, ensina as terríveis
consequências do pecado da cobiça. A segunda parte, vs. 28-31, ensina a verdade
da suficiência do evangelho. A discussão na última edição apontou que o homem
rico realmente estava culpando Deus por sua punição no inferno. Ele tentou
transferir a culpa para Deus dizendo, embora
indiretamente, que Deus não lhe havia dado em "Moisés e os profetas"
uma razão suficientemente boa para crer no evangelho. O rico alegou que um
milagre especial, um fantasma, um retorno de Lázaro dos mortos, conseguiria
fazer o que o evangelho não conseguira fazer, ou seja, levar os irmãos do rico
ao arrependimento. Abraão refuta enfaticamente essa posição. Ele ressalta que
Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras do Antigo Testamento, são
suficientes. Ele afirma como um fato que se as pessoas não acreditarem em
Moisés e nos profetas, nada em todo o céu ou terra os persuadirá da verdade do
evangelho.
Essa é uma verdade que precisa de ênfase hoje. Pode
muito bem ser que eu tenha tido a oportunidade de discutir esta mesma verdade
em alguns números anteriores, mas o assunto é importante o suficiente para ser
repetido, e peço a quem se lembra do artigo anterior que me dê a oportunidade
de dizer algo sobre esse assunto mais uma vez.
Não estou interessado principalmente nos constantes
esforços feitos por alguns na igreja para acrescentar ao evangelho (como fazem
os carismáticos) sinais e maravilhas na esperança de que mais sejam
convertidos; Não estou interessado principalmente naqueles que suavizam o
evangelho a um arminianismo insípido (Deus ama a todos; Ele quer salvar a todos.)
para torná-lo mais palatável. Estou interessado na verdade positiva que Jesus
mostra na última parte desta parábola: O evangelho é o meio de salvação de
Deus, e nesse evangelho devemos confiar.
Muitas vezes somos da opinião de que muitos não
acreditam no evangelho porque a prova é inadequada ou a apresentação dela
ineficaz. Muitos sugerem isso, por exemplo, quando afirmam que os
evolucionistas devem ser respondidos por provas da própria criação. Ou, os
eruditos serão persuadidos de seus erros de alta crítica apenas quando forem
respondidos de maneira erudita – seja lá o que erudito possa significar. Ou, se
a arca pudesse ser encontrada hoje, as pessoas acreditariam na história de Noé
e da arca. Mas essas afirmações não são assim. A razão pela qual os homens não
acreditam no evangelho não é a falta de provas, evidências ou informações
suficientes. A razão para a rejeição do evangelho está no coração perverso e
depravado do homem.
Ele odeia a Deus e não terá nada a ver com
Deus. Todas as evidências no mundo da verdade do evangelho não alterarão sua
opinião, pois ninguém é tão cego quanto aquele que não quer ver - e a vontade
está presa pelo pecado. Se a arca fosse encontrada e pudesse ser provada ser a
arca de Noé, a situação neste mundo incrédulo não seria alterada nem um pouco.
Se o anjo Gabriel aparecesse em toda a sua glória para anunciar aos homens que
o evolucionismo é uma mentira terrível, nenhum homem mudaria de ideia. Se o
próprio Cristo aparecesse novamente na terra para pregar o evangelho, os países
"cristãos" da Europa e da América conspirariam juntos como Herodes e
Pilatos fizeram para matá-lo. Se uma voz do céu testificasse: "Este é meu Filho
amado", os meteorologistas nos diriam que trovejou.
Somente Deus pode mudar o coração do homem de um
cheio de ódio para um cheio de amor por Deus. Como Deus faz isso? Ele faz isso
de apenas uma maneira: O evangelho! O evangelho é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16). Tal verdade tem vastas implicações
na vida do crente. Todo crente é um verdadeiro profeta. Nesse ofício, ele é
capaz de enfrentar os mais instruídos dos ímpios e defender o evangelho,
independentemente das circunstâncias. Ele precisa apenas apelar para as Escrituras
e apontar os homens para o testemunho das Escrituras. De fato, ele presta um
desserviço à causa do evangelho se fizer qualquer outra coisa.
O evangelho salva, não argumentos eruditos ou
provas empíricas. E o evangelho salva porque Deus salva através do evangelho. Devemos
confiar nesse evangelho crendo que através dele Deus cumpre Seu propósito.
Autor: Rev. Prof. Dr. Herman Hanko. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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