quarta-feira, 30 de abril de 2025


“Forçado a Crer” 3ª Parte.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D Th.D.

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Estamos continuando nossa discussão sobre o Calvinismo inconsistente, usando A. A. Hodge como nosso exemplo.

A doutrina do decreto incondicional não apresenta nenhuma dificuldade. Ela representa Deus como decretando que o pecado ocorreria como o ato livre do pecador, e não como por qualquer outra co-ação causadora, nem por qualquer forma de tentação induzindo-o a pecar. (211)

Isto é tanto contra a Escritura como contra os Reformadores. De fato, até mesmo o termo “co-ação” seria muito fraco para descrever a determinação ativa de Deus dos atos pecaminosos do homem.

É uma verdade assustadora, mas inegável, mesmo em países cristãos, que multidões nascem e são criadas em determinadas circunstâncias e de uma forma em que não há nenhuma mudança provável, nem mesmo possível, de obter um conhecimento da verdade religiosa, ou um hábito de conduta moral, mas são treinados desde a infância no erro supersticioso e na depravação grosseira. O porquê disto ser permitido, nem calvinistas nem arminianos podem explicar; pelo contrário, por que o Todo-Poderoso não faz morrer no berço todo o infante cujo futuro ímpio e miserável, se tolerado crescer, Ele previu, é o que nenhum sistema de religião, natural ou revelada, será capaz de nos explicar satisfatoriamente. (227).

A questão assume que o único propósito de Deus para uma pessoa é sua santidade e felicidade, mas isto não é verdade. Isto é como se esta pessoa fosse completamente ignorante do que a Escritura ensina, e do que o Calvinismo ensina. Hodge não escreve este parágrafo, mas ele está citando o Arcebispo Whately com aprovação. Mas, então, Whately nunca deve ter ouvido de um “sistema de religião” chamado CRISTIANISMO, e o que ele diz em Romanos 9 e outros lugares.

O decreto de eleição torna certos somente o arrependimento e a fé dos eleitos. Mas a certeza antecedente de um ato livre não é inconsistente com sua liberdade, de outra forma, o pré-conhecimento certo de um ato livre seria impossível. O decreto de eleição não causa a fé, e ele não interfere com o agente em ação, e certamente não substitui a absoluta necessidade dela. (228)

Este parágrafo me fez dar gargalhadas, e não pude fazer outra coisa senão rir, mesmo ao olhar novamente para ele neste exato momento — o parágrafo é uma falácia lógica grave. Ele diz que o pré-conhecimento certo deve ser compatível com a liberdade humana, de outra forma, o pré-conhecimento certo seria impossível.

Assim, a compatibilidade dos dois não é logicamente demonstrada, mas afirmada por força, porque ele está indisposto a abrir mão tanto do pré-conhecimento divino como a liberdade humana. Quanto à “O decreto de eleição não causa a fé”, ou ele tem algo muito peculiar em mente, o qual ele falha em explicar (eu não posso imaginar o que seja), ou esta é uma negação completa do Calvinismo.

Há como que uma aparente dificuldade na reconciliação do pré-conhecimento certo de Deus da impenitência final da grande maioria daqueles a quem Ele oferece e sobre quem Ele pressiona, por todo argumento, Seu amor com o fato desta oferta; especialmente quando refletimos que Ele previu que Suas ofertas aumentariam certamente a culpa e miséria deles. (229)

Esta é apenas uma forma complicada de admitir que a doutrina anti-bíblica da “oferta sincera” é incoerente. Visto que Hodge falsamente pensa que ela é ensina na Escritura, ele é compelido a engoli-la. Mas esta não é uma “aparente dificuldade” — o problema se chama esquizofrenia. Para Hodge, a dificuldade é composta quando ele considera que Deus previu que a rejeição dos não-eleitos do evangelho aumentará a culpa deles.

Mas a doutrina bíblica é direta e coerente. Não há uma “oferta sincera”. Deus ordena a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam — os eleitos obedecerão e serão salvos, mas os réprobos desobedecerão e serão condenados. Além disso, os réprobos já estão condenados e destinados ao inferno, e o ouvir e a rejeição do evangelho aumenta esta culpa, e isto é exatamente o que Deus quer (2 Coríntios 2:14-16). Não há uma “aparente dificuldade”.



“Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; hiper-calvinistas supralapsarianos!!!”


Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.





 


“Forçado a Crer” 2ª Parte.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.

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Eu decidi citar mais exemplos de Hodge. Novamente, isto não é para selecioná-lo para o criticismo, como se ele fosse especialmente errado ou incompetente — não, seus erros e inconsistências são muito disseminados, e comuns à maioria dos calvinistas que leio, e eu leio somente os melhores. Assim, estou dizendo que este é um problema sério, e gostaria de dar mais exemplos, de forma que os leitores poderão se precaver quando estudando obras teológicas.

Contudo, visto que em meus próprios escritos já tratei de todos os problemas que estão presentes em Hodge, eu oferecerei apenas breves comentários para cada exemplo, e algumas vezes apenas declararei minha posição e continuarei, para que esta série não se torne importunamente longa.

A permissão do pecado, em sua relação tanto com a justiça como com a bondade de Deus, é um mistério insolúvel, e todas as tentativas de resolvê-lo somente obscurecem o conselho com palavras sem conhecimento. É, contudo, o privilégio da nossa fé saber, embora não da nossa filosofia compreender, que ela foi uma permissão mui sábia, justa e misericordiosa; e que ela redundará para a glória de Deus e para o bem dos Seus escolhidos. (160)

O pecado não ocorreu apenas por mera permissão. O pecado não é “um mistério insolúvel”, visto que a Escritura o explica. Hodge torna o assunto “obscuro” o suficiente sem necessidade alguma.

Deus, possuindo pré-conhecimento e poder infinito, existiu sozinho desde a eternidade; e no tempo, motivado por Si mesmo, começou a criar num vácuo absoluto. Todas as causas ou condições limitantes que existiram mais tarde foram, antes de mais nada, intencionalmente trazidas à existência por Si mesmo, com perfeito pré-conhecimento de sua natureza, relações e resultados. Se Deus então, prevendo que se Ele criasse um certo agente livre e o colocasse em certas relações, ele agiria livremente de uma certa maneira, e todavia, com este conhecimento seguiu em frente para criar este próprio agente livre e colocá-lo precisamente nestas posições, Deus estava, ao assim fazer, obviamente pré-determinando a certeza futura do ato previsto... (203)

Todavia, o soberano decreto permissivo de Deus determina verdadeiramente a certeza futura do ato; porque, Deus sabendo certamente que o homem em questão em dadas circunstâncias assim agiria, colocou o próprio homem precisamente naquelas circunstâncias nas quais ele deveria assim agir. (210)

Isto é exatamente como muitos arminianos e agnósticos teístas explicam a soberania de Deus, que Deus exercita Sua “soberania” sobre os homens meramente colocando-os em certas situações nas quais Deus prevê como eles pensariam e agiriam, antes do que diretamente agir sobre as mentes para determinar seus pensamentos e ações. O que Hodge diz aqui não é apenas Calvinismo inconsistente — não é Calvinismo de forma alguma.

Nós temos o fato distintivamente revelado de que Deus decretou os atos livres dos homens, e, todavia, que os agentes são, não obstante, responsáveis, e consequentemente, não obstante isso, livres em seus atos. — Atos 2:23; 3:18; 4:27, 28; Gênesis 50:20, etc. (210)

Ele fala desta forma durante todo o livro, mas embora algumas destas passagens [da Bíblia] declarem que os atos foram pré-determinados por Deus, nenhuma delas diz que aqueles atos são livres. De fato, é óbvio que estas passagens explicitamente provam o próprio oposto do que Hodge reivindica, ou seja, que todos aqueles atos foram pré-determinados por Deus de uma forma que os homens não são livres. A “liberdade” assim revelada está puramente na imaginação falaciosa de Hodge.

Além do mais, Hodge nunca prova que a responsabilidade pressupõe liberdade, que é uma premissa anti-bíblica que tem manchado a maioria dos escritos calvinistas, a qual tenho repetidamente e conclusivamente refutado.

A admissão do pecado na criação de um Deus infinitamente sábio, poderoso e santo é um grande mistério, do qual nenhuma explicação pode ser dada. Mas que Deus não pode ser autor do pecado é provado —

1st. Da natureza do pecado, o qual é, em sua essência, a carência de conformidade à lei, e a desobediência ao Legislador.

2d. Da natureza de Deus, que é em Sua essência santo, e que na administração de Seu reino sempre proíbe e pune o pecado.

3d. Da natureza do homem, que é um agente livre responsável e que origina os seus próprios atos. A Escritura sempre atribui à graça divina as boas ações, e ao coração mal as ações pecaminosas dos homens. (211)

Apenas porque Hodge não pode resolver algo não significa que isto seja um “grande mistério, do qual nenhuma explicação pode ser dada”. [A admissão do pecado] não é um mistério se a Escritura claramente a explica, e assim ela o faz.

Então, nenhum dos três pontos prova que Deus não pode ser o autor do pecado.

Ponto 1. Não mostra que Deus não possa ser o autor do pecado; antes, se Deus é o autor do pecado, o ponto 1. Apenas nos mostra que Ele o iniciou.

Ponto 2. Também falha. Ele nem mesmo começa a nos dizer o porquê Deus não pode ser o autor do pecado; antes, se Deus é o autor do pecado, ele nos diz que Seu ato de autorizar o pecado é um ato santo. Ser o “autor” do pecado não é a mesma coisa que pecar.

Ponto 3. É uma falácia, pois nas páginas anteriores do livro, ele tentou, mas falhou, mostrar que o homem é um “agente livre que origina seus próprios atos”. Então, a segunda parte do ponto 3. Embora comumente assumida, é completamente falsa. Sim, a Escritura acusa os atos pecaminosos dos homens, e diz que Deus os julgará, mas os atribui ao decreto soberano e ao poder ativo de Deus.

Nos melhores calvinistas, você usualmente encontrará pelo menos um destes principais erros grotescos em todas as páginas; nos calvinistas medianos, você encontrará vários destes principais erros grotescos em todas as páginas; e os piores calvinistas são realmente arminianos. Eu não estou exagerando — este é um problema sério e difundido.

Se vamos ser cristãos, então, descartemos todas as premissas não-cristãs, e se vamos ser calvinistas, então, renunciemos todas as suposições arminianas. Hodge é tão severamente debilitado em seu raciocínio porque ele está arrastando todo o peso do Arminianismo e do humanismo com ele, enquanto ele tenta ser um calvinista. A maioria dos calvinistas tem feito a mesma coisa. Haverá mais dois artigos nesta série nos quais providenciarei exemplos adicionais de Hodge.


“Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; hiper-calvinistas supralapsarianos!!!”


Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.



 


“Forçado a Crer” 1ª Parte.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.  

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Eu tenho falado muito sobre Calvinismo “inconsistente”, tanto em meus livros como artigos, e em meu blog. Aqui eu gostaria de usar A.A. Hodge para lhe dar um exemplo do que um Calvinismo inconsistente pode fazer você dizer.

Mas primeiro, tiremos algo do caminho. Ao usar Hodge como um exemplo, não estou desafiando sua ortodoxia, ou sua dedicação à Escritura, ao Cristianismo e ao Calvinismo. De fato, é precisamente porque a sua ortodoxia é geralmente incontestável que prefiro usá-lo como um exemplo, de forma que você verá que o problema não é encontrado somente em heréticos arminianos loucos; ou idiotas pentecostais e neopentecostais confusos “úteis”.

Assim, aqui está o nosso exemplo. No contexto da discussão da criação, Hodge escreve:

“Embora a absoluta origem de toda nova existência a partir do nada seja para nós confessadamente inconcebível, ela não é nem um pouco mais do que a relação do pré-conhecimento infinito, pré-ordenação, ou controle providencial de Deus com a livre agência do homem, nem mais do que muitas outras verdades que somos todos forçados a crer”. A.A. Hodge, Outlines of Theology (The Banner of Truth Trust, 1999 reprint), p. 240. [publicado no Brasil pela Editora PES, com o título Esboços de Teologia].

Em outras palavras, a doutrina bíblica da criação é “inconcebível”, mas está tudo certo, pois muitas outras doutrinas bíblicas também são inconcebíveis — e isto faz tudo melhor!!!

Esperamos engolir isto? A melhor pergunta seria se a Bíblia fala sobre suas próprias doutrinas desta forma. A Bíblia diz que suas próprias doutrinas são racionalmente inconcebíveis (eu adicionei “racionalmente” porque este é o sentido no qual Hodge está falando)? A Bíblia diz que suas próprias doutrinas são racionalmente tão difíceis de crer que devemos ser “forçados a crer” nelas?

Se a resposta for negativa, então neste exemplo, e em todos os outros exemplos quando Hodge escreve desta forma, ele não está representando o que a Bíblia realmente ensina. Antes, ele está mensurando as doutrinas bíblicas contra algum padrão anti-bíblico, e visto que o que é bíblico é incompatível com o que é anti-bíblico, então, se ele insiste em afirmar ambos, certamente todas as doutrinas bíblicas se tornarão subitamente “inconcebíveis”, e certamente alguém se sentiria como se ele fosse “forçado a crer” nelas. Mas o problema está na própria mente de Hodge, e não no sistema bíblico de doutrinas.

Muitos Calvinistas falam como Hodge — PAREM! Não é um sinal de fé e reverência soar como um lunático e então arrastar Deus para dentro.

O que? Você está tentando defender a doutrina cristã, e você está chamando sua própria cosmovisão de “inconcebível”, e que você é “forçado a crer” nela? É este tipo de declarações anti-bíblicas e irracionais que não-cristãos frequentemente exploram. Agora, o que você pensa que eu deveria fazer se alguém trouxesse esta citação acima para um debate? Para a defesa correta do evangelho, devo renunciar Hodge, pelo menos neste ponto. E devo dizer que, pelo menos neste ponto (e na realidade também sobre muitos outros pontos), ele não fala por mim nem pela Escritura; ele está errado.

Em contraste, digo que embora elas nunca possam ser exaustivamente captadas (visto que a mente de Deus é infinitamente maior do que a nossa, e, portanto, não podemos aprender exaustivamente todo o seu conteúdo), tudo o que Deus revelou — todas as doutrinas bíblicas — são concebíveis, compreensíveis, racionais, defensíveis e inegáveis.

Porque os incrédulos são pecaminosos e irracionais, é impossível para eles afirmar o que é santo e racional, e, portanto, a menos que Deus aja diretamente sobre as suas mentes e as mude, eles nunca poderão crer. Contudo, todas as doutrinas bíblicas são fáceis para os eleitos crer, pois Deus lhes concedeu o dom da fé.

As doutrinas bíblicas são somente inconcebíveis se mensuradas contra alguma premissa ou padrão irracional. O que precisamos fazer é deixar de lado estes falsos princípios e suposições que não fazem parte da nossa cosmovisão. Mas se você for tomar princípios e suposições de duas cosmovisões contraditórias e tentar uni-las, então, sim, você terminará com algo inconcebível. Apenas não chame isto de Cristianismo ou Calvinismo.



“Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; hiper-calvinistas supralapsarianos!!!”


Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.


terça-feira, 29 de abril de 2025


Determinismo VS. Fatalismo.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.

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As pessoas frequentemente me perguntam sobre fatalismo. A maioria delas são pessoas educadas e educáveis que desejam conhecer o que o fatalismo e determinismo são, como eles diferem um do outro, e como minha posição difere do fatalismo.

Aqui estão dois exemplos:

(1) Gostaria de saber qual é a sua posição sobre fatalismo. Fatalismo e determinismo são a mesma coisa?

(2) Gostaria de saber como você diferenciaria o determinismo estrito do fatalismo. A razão pela qual eu pergunto isto é que me parece que a maioria dos calvinistas que sustentam o determinismo suave se esforça para evitar a acusação de serem fatalistas.

Então, há alguns que abertamente me acusam de ensinar fatalismo.

O seguinte será suficiente como minha resposta a ambos os grupos de pessoas.

Embora eu assuma, que a maioria das pessoas teria isto em mente, mesmo que eu não mencionasse, por favor, lembre-se que por “determinismo”, estamos nos referindo somente ao determinismo teísta, teológico ou divino, e não ao determinismo naturalista, biológico ou científico, o último sendo a posição afirmada pela maioria dos ateus. Estamos considerando o controle que Deus exerce sobre a Sua criação, e não a relação entre ações humanas e causas naturais antecedentes (tais como genética e fatores ambientais).

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Por algumas definições, os termos “determinismo” e “fatalismo” são similares.

Por exemplo, alguns dicionários ingleses definiriam estes termos de formas que falhariam em fazer uma clara distinção entre eles. Merriam-Webste é muito ambíguo para o nosso propósito, e Webster's New World Thesaurus considera as duas palavras como sinônimas. Certamente, mesmo aqueles que afirmam o determinismo “suave” e me acusam de ensinar o fatalismo, não aceitariam estas definições ambíguas, visto que então eles se tornariam, na melhor das hipóteses, “fatalistas suaves”. As definições na literatura teológica e filosófica poderiam ser mais precisas.

Por “fatalismo”, eu me refiro ao ensino de que todos os eventos são pré-determinados por forças impessoais, a despeito de meios, de forma que, não importa o que uma pessoa faça, a mesma consequência resultará.

Por “determinismo”, estou especificamente me referindo ao determinismo teológico ou divino — estou me referindo ao ensino de que o Deus pessoal da Bíblia pré-determinou inteligentemente e imutavelmente todos os eventos, incluindo todos os pensamentos, decisões e ações humanas, predestinando assim tanto os fins como os meios para aqueles fins.

Estas não são definições privadas minhas, mas elas são consistentes com o uso comum na literatura teológica e filosófica.

Por exemplo, o Dr. Alan Cairns, um respeitado pastor e teólogo Presbiteriano, cuja ortodoxia é geralmente inquestionável, e que é ele mesmo um determinista “suave” (p. 186), define “fatalismo” da seguinte forma: “A teoria da necessidade inevitável; a filosofia oriental pagã de que todas as coisas são pré-determinadas por forças cegas e irracionais, e, portanto, não há como o esforço humano mudar algo” (Dicionário de Termos Teológicos; p. 176, “fatalismo”).

Agora, diante dos olhos de Deus, quem ousaria me acusar de ensinar que “todas as coisas são pré-determinadas por forças cegas e irracionais”? Fazer isso seria cometer o pecado de calúnia, e alguns têm realmente cometido este pecado contra mim por suas falsas acusações.

E quem ousaria me acusar de ensinar que todas as coisas ocorrem como pré-determinadas, a despeito dos meios? Eu afirmo que Deus determinou todas as coisas por imutavelmente pré-ordenar e diretamente controlar tanto os fins como os meios.

É perigoso falar de coisas que você não entende, e parece que aqueles que me acusam de ensinar o fatalismo são, de fato, ignorantes do que fatalismo realmente significa.

Assim como alguns Arminianos falsamente acusam os Calvinistas de ensinar o fatalismo, aqueles Calvinistas que afirmam o determinismo “suave” dão meia-volta e me acusam de ensinar o fatalismo, quando tanto estes Calvinistas como aqueles Arminianos não têm ideia (ou se o tem, negam por conveniências e explorações; psicológicas e financeiras); do que o fatalismo significa. Estas pessoas não têm a cortesia de nem mesmo dar uma olhada na palavra num dicionário teológico para se certificar que ela se aplica.

Quanto àqueles de vocês que são atenciosos e ensináveis — diferentemente daqueles que fazem acusações ignorantes e caluniosas, pretendendo ser eruditos quando não o são — eu não acuso vocês por perguntar sobre isto, visto que há muita falsa informação sendo circulada.

Tenha certeza que o que eu ensino, embora seja uma versão mais vigorosa do determinismo que você está acostumado a ouvir, é muito diferente do fatalismo. De fato, ele é tão diferente do fatalismo como o teísmo é diferente do paganismo e ateísmo, visto que eu afirmo que todas as coisas são determinadas por um Deus pessoal e soberano, não por “forças cegas e irracionais”.

Portanto, não permita que pessoas ignorantes te confundam ou te enganem.

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Então, eu apontarei também algo que é comumente mal-entendido, a saber, algumas pessoas assumem que uma pessoa tem mais liberdade sob o “determinismo” e que as coisas são mais abrangentemente determinadas no “fatalismo”. Mas isto não é verdade.

O fato é que, as coisas são mais determinadas no determinismo divino do que em qualquer outro esquema. Sob o “fatalismo” (como definimos apropriadamente acima), um evento é pré-determinado de tal forma que a mesma consequência resultará “não importa o que você faça”, isto é, a despeito dos meios.

Mas sob o determinismo divino, embora “importe” o que você faça, “o que você faz” é também imutavelmente pré-determinado em primeiro lugar. E “importa” porque há uma relação definida entre “o que você faz” e o resultado, mas até mesmo esta relação é determinada e controlada por Deus.

(Do que as pessoas me acusarão agora? Eu não posso ser acusado de ensinar fatalismo, visto que estou dizendo que o fatalismo é muito fraco! Mas os caluniadores pensarão em algo...).

Assim, eu afirmo o determinismo divino e não o fatalismo, mas não pela razão que as pessoas algumas vezes evitam o fatalismo. Eu afirmo o determinismo não porque as coisas são menos controladas neste esquema — elas são mais controladas nele — mas eu o afirmo porque ele é a verdade revelada e racional.

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Aproveitando, há aqueles que declaram que meu determinismo é “Spinozismo” (seguindo a filosofia de Spinoza). Relacionado a isto está a acusação de que meu ocasionalismo é panteísmo (veja A. A. Hodge em Esboços de Teologia). Mas isto também é estúpido e ignorante.

Se o panteísmo afirma que “tudo é Deus”, então isto significa que quando Deus age em qualquer objeto, Ele sempre está agindo em Si mesmo. Contudo, isto está muito longe do que eu afirmo. Antes, eu afirmo que Deus criou entidades espirituais e materiais que são outras além dEle, mas que Ele, todavia, as sustenta e controla completamente. Dizer que Deus controla X é muito diferente de dizer que Deus é X.

Portanto, assim como com a acusação de fatalismo, estas pessoas não têm ideia do que o panteísmo significa, e me acusar de ensinar explicitamente ou implicitamente o panteísmo não é nada senão calúnia barata e desonestidade intelectual.




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Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.



Agostinho e a Teoria do Compatibilismo.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D. 

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Nosso foco principal aqui é na verdade o compatibilismo e não Agostinho, mas a citação abaixo sobre a qual nossa discussão é baseada vem de um guia introdutório à Agostinho e à sua filosofia cristã.

Embora os escritores forneçam um relato muito benevolente do compatibilismo de Agostinho, alguns leitores notarão os problemas inerentes ao compatibilismo simplesmente ao ler a explicação.

Eu numerei os parágrafos para que você possa localizar os comentários que correspondem a cada um deles mais facilmente.

— Citação—

(1) A crença posterior de Agostinho sobre os conceitos de graça e pecado original levaram-no a um determinismo de variedade teológica. Os deterministas teológicos sustentam que tudo o que fazemos é causado por condições antecedentes, ultimamente traçáveis à Deus. Embora o último Agostinho seja claramente um determinista teológico, é mais acurado atribuir a ele a versão “suave” do determinismo conhecida como compatibilismo. O compatibilismo é a visão que, embora todas as ações sejam causadas por condições antecedentes, é ainda apropriado chamar algumas delas de “livres”.

(2) Os compatibilistas querem distinguir ações que são internamente causadas de ações que são externamente causadas. Considere, uma vez mais, o caso da nossa paciente repentinamente chutando sua perna. Suponha que o que lhe causou fazer isto, foi que o seu médico estava testando o seu reflexo, batendo em seu joelho. Isto significaria que a ação foi externamente causada, e, por conseguinte, não deveria ser considerada livre. Suponha, por outro lado, que o que lhe causou chutar sua perna foi um desejo de atenção. De acordo com o compatibilista, isto ainda teria uma condição antecedente que tornou impossível para ela o se refrear de chutar a sua perna. Assim, ela não seria livre no sentido libertariano. Todavia, o compatibilista chamaria a ação de “livre”, pelo fato dela ter sido causada internamente. Não foi um outro alguém que fez com que a paciente chutasse a sua perna; ela o fez por consentimento próprio.

(3) Os compatibilistas fazem esta distinção porque eles querem manter os seres humanos moralmente responsáveis por suas ações “livres” (isto é, causadas internamente). Se algo externo à paciente tivesse lhe feito chutar a sua perna, então ela não poderia ser responsabilizada por isto; se algo interno lhe fez fazer isto, então ela deve tomar a responsabilidade pelo ato, mesmo que ela não pudesse agir de outra forma.

(4) Agostinho é interpretado mais benevolentemente como um compatibilista. Ele, como muitos compatibilistas, retém a linguagem do livre-arbítrio porque ele sabe que é impossível explicar a condição humana sem ele. Todavia, ele confisca esta linguagem para os seus próprios propósitos determinísticos. Ele quer manter que os seres humanos não podem tomar o crédito por serem bons. A razão é que todas as boas ações são causadas pela graça de Deus, uma causa externa. Ao mesmo tempo, ele quer manter que os seres humanos devem tomar o crédito por serem maus. A razão é que todas as más ações são causadas pelas nossas vontades. Visto que a vontade é uma causa interna, nós somos responsáveis, mesmo que não possamos agir de outra maneira.

(5) Em suas últimas obras, Agostinho se devota a depreciar a alegada dignidade humana do livre-arbítrio e a criticar qualquer um que se orgulhe dele. Ele escreve que os seres humanos são “escravos do pecado”, e que a melhor coisa que pode nos acontecer é receber a graça e por ela nos tornarmos em vez disto “escravos de Deus”.

(6) A teodiceia de Agostinho, portanto, faz uma dupla contribuição para história da filosofia. Por um lado, ela nos fornece uma confrontação pessoal, todavia intelectual, com o problema do mal. Por outro lado, ela introduz o conceito de livre-arbítrio, somente para gerar outro grupo de conceitos, graça e pecado original, que eliminam qualquer aplicação significativa do conceito de livre-arbítrio. Desta forma, Agostinho reflete e reforça a profunda ambivalência para com a liberdade humana que é endêmica ao pensamento Ocidental. Sharon M. Kaye and Paul Thomson, On Augustine, (Wadsworth, 2001), p. 25–26.

— Comentários —

Algumas das declarações acima são questionáveis ou pelo menos imprecisas, e o que Agostinho “sabe” é algumas vezes apenas sua opinião. Por exemplo, eu discordo da declaração, “Ele, como muitos compatibilistas, retém a linguagem do livre-arbítrio porque ele sabe que é impossível explicar a condição humana sem ele”.

Certamente, Agostinho pode ter pensado que ele precisava designar algum tipo de liberdade ao homem, mas isto não significa que ele estava correto. Em vez disto, eu afirmo a posição oposta, que reter o (“a linguagem do”) livre-arbítrio humano em qualquer sentido significativo faria impossível explicar a condição humana, e não somente isto, mas faria também a doutrina do homem ser inconsistente com a doutrina de Deus.

Todavia, no geral a citação acima é ainda um bom exemplo de como a tensão (auto-contradição) no compatibilismo é bastante óbvia àqueles que não são preconceituosos em favor dele.

Eu oferecerei alguns comentários sobre cada parágrafo. Por favor, lembre-se que cada porção numerada abaixo corresponde a um parágrafo com o mesmo número na seção “Citação” acima:

(1) Os deterministas teológicos sustentam que tudo que fazemos é causado por condições antecedentes, ultimamente traçáveis à Deus.

Isto é verdade com respeito à maioria dos deterministas teológicos, mas é também, no final das contas, incoerente.

Eu mudaria esta afirmação e diria que todas as condições são “imediatamente traçáveis à Deus”. Eu afirmo a significância das assim chamadas “causas secundárias” somente no sentido que estas são os meios pelos quais Deus executa Seus decretos imutáveis; contudo, estas causas secundárias não são por si mesmas auto-existentes, auto-determinadas, auto-causadas ou auto-impulsionadas. Antes, todas as assim chamadas “causas secundárias” são elas mesmas imediatamente causadas e controladas por Deus e os objetos sobre os quais estas causas secundárias supostamente agem, reagem de formas que são também imediatamente causadas e controladas por Deus.

O compatibilismo é a visão que, embora todas as ações sejam causadas por condições antecedentes, é ainda apropriado chamar algumas delas de “livres”.

Por que a palavra “livre” em citações aqui e em outros lugares? Provavelmente porque os escritores percebem, como eu também, que há um esforço para chamar a liberdade compatibilista de “livre”. A liberdade compatibilista é “livre” somente num sentido privado. A palavra é inserida e usada por força — não é uma descrição natural do compatibilismo, especialmente quando discutido no contexto do determinismo divino. Você pode chamar qualquer coisa de “livre”, mas ela o é de fato?

(2) Esta pode não ser a melhor ilustração, mas é boa o suficiente.

Note que liberdade é relativa — você é livre de algo. O compatibilista deseja afirmar que não somos livres de Deus, mas ao mesmo tempo deseja fazer a liberdade aplicável às nossas ações em algum sentido, assim, ele coloca o padrão pelo qual a liberdade é mensurada para baixo, de Deus para o homem. Isto é, ao invés de mensurar a liberdade verificando se nossos pensamentos e ações são livres de Deus, agora nós somos “livres” até onde formos livres com relação a outras coisas criadas, e então construímos a responsabilidade moral sobre isto. Eles apenas mudam o ponto de referência.

Mas isto é limitado e arbitrário. Eu posso da mesma forma mudar o padrão ou ponto de referência, verificando se somos livres de uma partícula de pó específica de Netuno. Se esta partícula de pó de Netuno não determina meus pensamentos e ações — se eu sou “livre” dela — então, neste sentido, eu tenho “livre-arbítrio”, e, portanto, eu sou moralmente responsável. Hurra!

O compatibilista pode responder, “O ponto é que a causa para uma ação está dentro de mim, de forma que eu não sou forçado, e portanto, eu sou livre e responsável”. Mas este uso de “forçado” e “livre” é equivocado, visto que se Deus é a causa da causa desta ação (como eu afirmo, e como muitos Calvinistas admitem), se Ele determina completamente todo detalhe final de nossos próprios pensamentos, desejos, motivos e disposições...ou para usar as expressões em nossa citação, se Deus é a causa externa da causa interna de nossas ações, de forma que a própria causa interna não é livre nem mesmo no sentido compatibilista, então a ação é mais do que forçada.

Ela é tão determinada, causada e controlada que ela não pode ser descrita como forçada, visto que ser “forçado” deixa espaço para uma relutância interna consciente de realizar a ação que alguém é externamente causado a fazer contra a sua vontade de realizar. Mas Deus tem um controle tão abrangente sobre todos os nossos pensamentos e ações que “forçado” seria muito fraco para descrevê-los.

Assim, certamente as nossas ações não são “forçadas”, pois a palavra sugere que a pessoa que está forçando carece de controle completo sobre aquela que está sendo forçada, de forma que permanece alguma resistência na pessoa que está sendo forçada contra aquela que está forçando, apenas que o que está forçando exerce maior poder. Visto que “forçado” implica tal cenário ou relacionamento, a palavra é muito fraca também para descrever o controle de Deus sobre nós; portanto, nossas ações não são “forçadas”, embora não sejamos livres. De fato, o controle de Deus sobre nós é tão exaustivo que o compatibilista se esquece dele, assim, ele pensa que ele é livre porque ele não se sente forçado, quando a verdade é que ele é muito menos livre do que se ele fosse forçado.

O compatibilista diz que não somos livres se nossas ações são externamente causadas, mas que somos se nossas ações são internamente causadas. Contudo, a verdade é que todas nossas “causas” internas são elas mesmas externamente causadas. Isto significa que todos nossos pensamentos e ações são de fato externamente causados por Deus, de forma que nossas assim chamadas causas internas são meramente efeitos externamente causados que levam a outros efeitos (tais como nossas ações); portanto, neste sentido, nenhum dos nossos pensamentos e ações são livres, nem mesmo de uma perspectiva compatibilista, isto é, a menos que eles mudem o ponto de referência para começar depois de Deus já ter externamente causado nossas causas internas.

Mas isto é arbitrário — é enganador — se vamos permitir isto, então não há nenhum ponto em discussão, visto que seria claro que o compatibilista está apenas mudando o ponto de referência até que ele possa usar a palavra “livre” em algum sentido.

É equivocado e desonesto mudar desta forma o ponto de referência para que possamos afirmar algum sentido de liberdade; ao invés disto, devemos consistentemente definir liberdade com relação ao princípio metafísico mais amplo, que é Deus, visto que Ele é o único ponto de referência relevante quando estamos discutindo determinismo divino. Se não somos livres de Deus em nenhum sentido, então não temos “livre-arbítrio” em nenhum sentido.

(3) Note que “livre é ilegitimamente definido como “causado internamente”, mesmo se tudo sobre tudo que é interno seja de fato externamente causado e controlado por Deus. Nós acabamos de tratar sobre isto, assim, continuemos.

Novamente, uma preocupação principal é o fundamento para a responsabilidade moral; entretanto, ninguém parece notar que a premissa “responsabilidade pressupõe liberdade” nunca foi justificada. Mas se vamos colocar a responsabilidade moral de volta ao lugar que ela pertence — isto é, ao decreto soberano de Deus de julgar toda a humanidade — então, a liberdade humana se torna irrelevante, e não há nenhum problema em descartá-la totalmente.

(4) Note a contorção e volta necessária para apenas explicar o compatibilismo; deixe-o se defender sozinho.

Compatibilistas dizem que o bem é atribuído à graça e ao poder de Deus porque o homem pecador não tem capacidade dentro de si mesmo para qualquer bem espiritual, mas o mal é atribuído ao homem porque ele já é pecador e fazer o mal seria agir de acordo com a sua natureza. Mas então você lhes pergunta como esta natureza má chegou ali em primeiro lugar, e como Adão pôde realizar o mal se ele foi criado positivamente bom, e eles novamente recuarão para o mistério e paradoxo, ou repetirão algum tipo de argumento baseado no livre-arbítrio, que não responde à pergunta.

Por outro lado, eu posso dizer, “O Deus soberano causa todas as coisas, e Ele é bom e justo em tudo o que Ele faz. Bendito seja o nome do Senhor”. Nenhuma objeção pode ser levantada contra isto.

(5) Novamente, a pergunta é como o homem chegou a se tornar “escravo do pecado” em primeiro lugar se ele foi criado positivamente bom. Além do mais, eu diria que enquanto que o homem se tornou “escravo do pecado”, o próprio pecado se tornou “escravo de Deus”. Dizer que o pecado é em algum sentido livre de Deus seria afirmar o dualismo.

Se os homens não-salvos são “escravos do pecado”, e o próprio pecado é “escravo de Deus”, e se os homens redimidos são “escravos de Deus” em justiça, isto significa que tanto homens não-salvos como redimidos são de fato “escravo de Deus” — o não-salvo através do pecado, e o redimido através da justiça.

(6) Note uma restrição considerável que estes escritores mostram para com o compatibilismo. Eles estabeleceram tudo corretamente bem, o suficiente para que eles pudessem explodi-la em pedaços, mas eles desejam ser amáveis. Assim, eles contentam-se em dizer que Agostinho tem uma “dupla contribuição”, e que os aspectos deterministas de sua filosofia “eliminam qualquer aplicação significativa do conceito de livre-arbítrio”. Mais claramente, isto significa que se um compatibilista verdadeiramente afirma o determinismo divino, então o que ele diz sobre a “liberdade” humana ou “livre-arbítrio” é insignificante — não tem sentido. Estes escritores veem isto — a maioria que os Calvinistas se recusam a ver.

— Sumário —

Aqui está uma forma de evitar absurdos:

1. Afirme o determinismo divino absoluto.

2. Negue toda liberdade humana.

3. Baseei a responsabilidade moral no decreto soberano de Deus de julgar a humanidade.

4. Responda quase todas as objeções relatadas apenas fazendo o seguinte:

(a). Afirme que Deus é justo e justiça por definição. (Isto torna todo “problema do mal” e “autor do pecado” tipos de objeções inaplicáveis).

(b). Negue a premissa injustificada, “responsabilidade pressupõe liberdade”. (Isto torna a liberdade irrelevante para a discussão).

Não há nenhuma contorção ou reviravolta, nenhuma ginástica filosófica, e nenhuma necessidade de redefinir isto e qualificar aquilo. Deus é soberano, o homem não é livre — e não há problema. Isto é bíblico, coerente, simples e defensível.

Não há problemas inerentes com o exposto acima, de forma que o mesmo não pode ser atacado diretamente como incoerente. Se algum dos pontos acima for individualmente contestado como falso, então, dependendo do ângulo da objeção, o debate se moverá para um nível pressuposicional ou exegético, que deveria ser a mesma coisa para o cristão. Então, para se preparar para isto, o cristão deve estudar as passagens bíblicas relevantes e aprender como aplicá-las, que é o seu dever espiritual em primeiro lugar.

— Comentários Adicionais—

Além do exposto acima, eu também tratarei brevemente da reivindicação compatibilista de que a própria Escritura ensina o compatibilismo.

Um dos versos favoritos usados em apoio do compatibilismo é Gênesis 50:20, no qual José diz aos seus irmãos, que o venderam ao Egito, “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande”.

Para este verso sustentar o compatibilismo, ele deve transmitir a ideia de que a ação dos irmãos foi em algum sentido “livre”; contudo, o verso nos diz sobre sua intenção — ele não diz nada sobre se eles eram livres ou não, ou se a intenção foi livre ou não.

Visto que o verso também nos diz sobre a intenção de Deus, e visto que esta intenção difere da intenção dos irmãos, o compatibilista reivindica que isto explica como Deus pôde imutavelmente decretar uma ação humana, e, todavia, a ação decretada (neste caso, a decisão dos irmãos e a ação de vender José) ainda ser “livremente” realizada pela pessoa humana ou pelo povo envolvido.

Contudo, o verso não implica isto nem mesmo remotamente — ela é uma inferência forçada. O verso nos diz o que os humanos intentaram, e nos diz o que Deus intentava, mas ele não nos dá o pedaço de informação que é necessário para se estabelecer ou refutar o compatibilismo, a saber, a relação entre a intenção dos homens e a intenção de Deus neste evento (de vender José).

Dessa forma, o verso nem estabelece, nem refuta o compatibilismo. Para entender como este verso se aplica ao compatibilismo, a pessoa deve primeiro descobrir a relação entre a vontade do homem e a vontade de Deus dos muitos outros versículos na Escritura que claramente tratam disto.

Agora, como eu tenho estabelecido em meus livros e artigos, muitas passagens bíblicas ensinam que é a vontade de Deus que diretamente determina a vontade do homem, seja para o bem ou para o mal. (Veja os livros e artigos recomendados abaixo).

Portanto, quando aplicamos Gênesis 50:20 ao nosso tópico, devemos parafraseá-lo para dizer, “Deus intentou o bem para a vossa má intenção”, ou “Deus vos fez ter esta má intenção, e Ele intentou o bem quando Ele o fez”, ou “Deus intentou o bem (o bem salvador para muitas vidas) quando Ele fez com que vós intentassem este mal (a venda de José)”.

Para repetir, o verso em si mesmo nunca declara ou implica que os irmãos de José intentaram o mal “livremente” — ele apenas diz que eles intentaram o mal. Então, ele diz que Deus intentou o bem com respeito a esta mesma (mal) decisão/ação realizada pelos irmãos. Adicionando a isto a premissa (estabelecida por outros versículos bíblicos) de que Deus exercita constante e completo controle sobre todos os pensamentos e ações humanas (sejam bons ou maus), segue-se que Deus intentou o bem quando Ele fez com que estes irmãos intentassem o mal.

Desta forma, Deus foi justo e os irmãos foram moralmente culpados. Deus foi justo visto que tudo o que Ele faz é justo por definição, e foi um bom decreto que causou a intenção má nos irmãos. Os irmãos foram moralmente culpados, visto que eles violaram as leis morais de Deus, como causadas por Deus para assim o fazer. Em tudo isto, não há ponto de abertura lógico para a liberdade humana entrar na discussão de forma alguma, embora ela seja frequentemente forçada na discussão.

Aplique uma análise básica similar para todos os versos usados pelos compatibilistas, e você verá que nenhum deles realmente sustenta o compatibilismo. Parece que os compatibilistas já estão tão convencidos de sua posição aparte da Escritura, que eles facilmente a “veem” ensinando estes versos, mesmo quando estes não tratam do assunto de forma alguma.

É auto-enganador abraçar uma tradição que realmente tem sido um fardo para o Calvinismo antes do que um suporte, fazendo-o incoerente e difícil de ser defendido, e fazendo seus aderentes olharem como tolos quando eles desnecessariamente recuam para o mistério e paradoxo.

Reconhecidamente, um Calvinismo ousado e consistente não é apenas muito mais ofensivo do que um Calvinismo mal planejado e inconsistente, mas é também mais bíblico, coerente e irrefutável.



“Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; hiper-calvinistas supralapsarianos!!!”


Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.



Argumentando por Intuição.   

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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D. 

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Gregory E. Ganssle recentemente publicou um livro intitulado “Pensando sobre Deus” [1]. Em um determinado capítulo, ele explica o que é liberdade e determinismo, e conclui afirmando que ele favorece o “livre-arbítrio libertário”. Observemos, como ele argumenta:

“Agora, por que você deveria concordar comigo a respeito   da liberdade humana? Deixe-me dar a você duas razões. Primeiro. parece estranho tornar alguém moralmente responsável por uma ação se esta ação não depende dele. Se o determinismo é verdade, então nenhuma ação depende de quem a pratica. Pelo menos nenhuma ação depende de alguém que a realize em um nível alto o bastante, para razoavelmente, tornarmos essa pessoa responsável. Ainda assim, nós consideramos cada pessoa moralmente responsável. A melhor explicação é que algumas ações dependem de nós e somos responsáveis por elas.”

“Segundo. O “livre-arbítrio libertário” fará mais sentido em nossas decisões. Frequentemente nos encontramos debatendo entre alternativas, e estamos convencidos de que nossa decisão tem um real efeito no que virá. A decisão que nós tomamos, após deliberarmos, parece depender de nós. Se a liberdade não é do tipo “libertária”, então a deliberação não faz muito sentido. Portanto, a “liberdade libertariana” é o melhor conceito de liberdade e liberdade compatibilista não é liberdade, no final das contas.” [2]

Isto é terrível, terrível! Eu me sinto imundo só por digitar. Existem inúmeras afirmações falsas e falácias nestes dois parágrafos [3], porém primeiramente focarei nas palavras que são relevantes ao nosso assunto, que é intuição.

Note as palavras que coloquei em itálico acima. Se fôssemos debater a questões da liberdade humana, ou do Calvinismo vs. Arminianismo, Ganssle viria até mim com “parece estranho”, “estamos convencidos” e “parece”? Eu poderia apenas dizer prontamente que “parece certo”, “eu não estou convencido” e “não parece”! Bem, ele está convencido das premissas que parecem a ele verdadeiras, mas eu posso simplesmente estar convencido do oposto.

Se você juntar “parece que” como uma parte essencial de seu argumento (ao contrário de uma parte não-essencial de sua apresentação, por exemplo, uma mera ilustração), você saiu da realidade de uma argumentação estritamente racional. Além disso, perdeu o direito de prevenir que seu oponente use exatamente o mesmo tipo de argumento, e a ele “parecerá que” você está errado.

Quando vamos à discussão Calvinismo VS. Arminianismo, você pode ouvir algo como “Se Deus é absolutamente soberano, então ele controla mesmo nossas decisões, e neste sentido não temos liberdade ou livre-arbítrio, mas nós sentimos (nós estamos convencidos, nós percebemos, nós achamos, parece que, etc.) que temos liberdade ou livre-arbítrio em nossas atividades diárias; portanto, o Calvinismo deve estar errado”. Minha resposta é que eu sinto ou imagino, ou me parece, que esta pessoa é uma idiota; portanto, ela é idiota. [4]

Se ela discordar de minha intuição, então por que eu tenho de concordar com a dela? Se ela me disser que eu realmente não acho ou intuo que ela é uma idiota, então posso dizer de prontidão que ela realmente não sente ou intui a liberdade. Isto é, se ela pode afirmar saber o que realmente se passa em minha mente, então eu posso afirmar prontamente saber o que realmente acontece na mente dela.

Ganssle afirma saber o que todos nós pensamos. Entre outras coisas, ele alega que:

1. Intuitivamente afirmo que “parece estranho tornar alguém moralmente responsável por uma ação se esta ação não depende dele.”

2. Eu estou “convencido de que nossa decisão tem um real efeito no que virá”.

3. A decisão que tomo, após deliberar, “parece depender” de mim.

Entretanto, a não ser que ele construa suas afirmações sob uma fundação objetiva e infalível, se ele pode alegar saber o que intuitivamente eu afirmo em minha mente, por que eu não posso também alegar saber o que ele intuitivamente afirma em sua mente? Assim, eu afirmo que “nós estamos convencidos” de que ele está errado, e que ele “parece” bastante confuso e arbitrário. A não ser que pare de argumentar pela intuição, como ele faz, é impossível que ele consistentemente rebata minhas alegações.

Assim, tudo se ajunta em pura subjetividade sem sentido. Quando se debate com arminianos, ou quando se lê sua literatura, você notará que muitos baseiam suas premissas cruciais na intuição, e frequentemente apenas na intuição. O padrão de argumentação de Ganssle é muito comum a eles – eles simplesmente assumem que suas premissas necessárias são verdadeiras porque para eles elas parecem ser verdadeiras. Eles dizem que estão convencidos de que essas premissas são verdadeiras (frequentemente, eles dizem que todos nós estamos convencidos), e então prosseguem nesta base.

Uma dessas premissas é que nos parece que todos temos “livre-arbítrio”; outra é que pareceria injusto fazer alguém que não tem livre-arbítrio moralmente devedor. Pelo menos nesses exemplos, seu padrão definitivo de verdade e moralidade não é a revelação de Deus, mas a própria intuição. Seus “parece que” parecem inquestionáveis a eles.

Entretanto, todos os “parece que” poderiam estar errados. Parafraseando Clark, talvez pensemos que temos livre-arbítrio não porque sabemos de algo (que nós temos livre-arbítrio), mas porque não sabemos de algo (que realmente não temos livre-arbítrio) [5]. Talvez algumas pessoas intuitivamente pensem que certas coisas são verdadeiras porque elas são ignorantes. Lutero coloca isso de forma mais forte, ao dizer que nós pensamos que temos livre-arbítrio porque estamos sendo enganados por Satanás [6]. Neste caso, o debate não pode ser estabelecido pela intuição apenas.

Muitos ateus argumentam desta forma também. Por exemplo, uma vez que rejeitam a revelação, eles não podem apelar para um fundamento na ética. Então, quando se voltam para a experiência, aqueles que são menos estúpidos percebem que não podem derivar nada da intuição. Portanto, alguns se voltam para intuição, e alegam que eles conhecem certos princípios éticos. Mas com os problemas já citados (a intuição é 100% subjetiva, não-universal, falível e etc...), por que devemos obedecer a intuição?

É algo muito infeliz, e, infelizmente; muitos escritores reformados/calvinistas também apelem para a intuição a fim de construir seus argumentos e sistemas. Quando fazem isto, normalmente é porque eles estão tentando alegar algumas ideias e premissas do mesmo tipo que os arminianos e os ateus afirmam, como conceitos anti-bíblicos de liberdade e justiça. Mas, uma vez que essas premissas falsas não podem ser derivadas da revelação bíblica e, uma vez que eles não podem derivar de nada da sensação, eles se refugiam na intuição.

Entretanto, como mostramos, isto seria enveredarem-se em subjetivismo nefasto, irrelevante e intelectualmente desonesto. Quando escritores reformados/calvinista fazem isto, eles são inconsistentes com sua teologia bíblica e racional.

Um exemplo é William G.T. Shedd. Apesar de ele ser altamente recomendado, por ser um dos menos empíricos entre os teólogos, ele falha em depender somente da revelação divina. Pelo contrário, apelos à intuição invadem sua Teologia Dogmática, e ele faz isto para estabelecer premissas e princípios que, na verdade, somente arminianos deveriam afirmar, e que somente arminianos precisam, como uma   versão do livre-arbítrio, e uma base anti-bíblica para a responsabilidade moral.

Como cristãos reformados/calvinistas – como cristãos cuja visão de Deus, homem e salvação são verdadeiramente bíblicas – não devemos e nem precisamos apelar para experiência ou intuição, o que nos levará apenas ao cepticismo irracional e auto-contraditório. Pelo contrário, devemos nos apegar à revelação escrita de Deus, que vêm somente do Logos, a Razão de Deus, a única que pode nos salvar e àqueles que nos ouvem.

Originalmente, planejei tratar somente dos problemas em basear os argumentos na intuição. A citação de Ganssle nos providenciou um bom exemplo. Entretanto, eu também trarei alguns pontos que não estão diretamente conectados com a intuição, mas são sempre problemáticos. Seria instrutivo discuti-los também. Primeiramente, vamos voltar nossa atenção às seguintes afirmações, já citadas no início:

Se o determinismo é verdade, então nenhuma ação depende de quem a pratica. Pelo menos nenhuma ação depende de alguém em um nível alto o bastante para tornar alguém responsável. Ainda assim, nós consideramos cada pessoa moralmente responsável. A melhor explicação é que algumas ações dependem de nós e somos responsáveis por elas. [7]

Primeiro, vamos entender que Ganssle não está tentando construir uma explicação detalhada para sua posição em seu livro; isto representa somente um resumo de suas razões para sua posição sobre a liberdade. Entretanto, isto não nos proíbe de criticar o que ele escreveu, uma vez que ele nos dá informações suficientes para nos dizer que tipo de argumento ele considera com um suporte válido e racional para sua posição.

A não ser que ele mude completamente a direção de toda a sua exposição, então, mesmo que fossem dados tempo e espaço para elaborar, ele ainda argumentaria sobre esse assunto usando o mesmo tipo de argumentos. Isto é, mesmo se dados, tempo e espaço, ele nos daria somente uma versão mais detalhada do seu pensamento falacioso.[8]

Com o objetivo de tratar este ponto com algum detalhe, lidaremos com cada uma das afirmações individualmente.

“Se o determinismo é verdade, então nenhuma ação depende de quem a pratica”. 

Esta afirmação é tão ambígua, que é difícil saber o que fazer com ela. Em particular, a expressão crucial “depende de” é indefinida. [9] Dependendo do que ela significa, a expressão pode referir-se a uma liberdade volitiva relativa a outras criaturas ou uma liberdade volitiva relativa ao próprio Deus, que é a liberdade absoluta.

Parece que a linguagem e o contexto pedem a segunda interpretação. A ação de alguém depender dela mesma está contrastada com “determinismo”. O contexto do livro sugere que o “determinismo” aqui está incluso, se não restrito, ao determinismo divino, ou a ideia de que é Deus quem determina todas as coisas, incluindo todas as decisões humanas. Isto é, se uma ação “depende” de alguém, então ela não é determinada por Deus.

Mas, se uma ação não é determinada por Deus, então Ganssle não mais está falando sobre o Deus da Bíblia. Neste ponto, eu devo indicar a você meus trabalhos anteriores para detalhadas explanações sobre a soberania divina [10]. Em qualquer caso, a expressão “depende” permanece ambígua.

“Pelo menos nenhuma ação depende de alguém que a realize em um nível alto o bastante, para razoavelmente, tornarmos essa pessoa responsável”.

Agora as coisas realmente ficam estranhas. Ele diz que a “dependência” deve ser alta o bastante para ser “razoável” afim de tornar alguém “responsável”. Claro, minha primeira reação é POR QUE? Mesmo se nós pudéssemos entender sua afirmação, não temos nenhuma razão para crer nisso. Mas como veremos, não é tão fácil assim entender a afirmação.

Antes mesmo que saibamos o que ele quer dizer com “depende”, agora ele sugere que existem níveis de “dependência”. Então, de acordo com ele, uma ação deve “depender” de uma pessoa num grau maior ou menor; mas como ele sabe disso, não é explicado.

Então, ele diz que a “dependência” deve alcançar um certo grau que seja “alto o bastante” para “razoavelmente” tornar alguém “responsável”. Porém, mesmo se nós ultrapassássemos a sugestão de que existem níveis de “dependência”, quão alto é “alto o bastante”, e como ele sabe?

Além disso, se a “dependência” deve ser alta o bastante para ser razoável, o que ele quer dizer por “razoável”? Por “razoável”, ele quer dizer algo que é validamente dedutível de premissas verdadeiras, ou ele quer dizer alguma coisa como “moralmente aceitável”? Se ele quer dizer algo como a última opção, então o que ele queria dizer com “aceitável”? “Aceitável” a quem? Como ele sabe?

Ou somos completamente injustos por suspeitar que por “razoável”, ele está mais uma vez apelando para algum padrão intuitivo que não pode projetar objetivamente e sustentar fora de sua própria mente, e assim, nesse caso sua intuição mais uma vez tomaria o lugar de Deus?

Então, porque esta “dependência” deveria alcançar um certo grau para ser “alta o bastante”, a fim de considerar “razoável” tornar alguém responsável? Isto continua sem resposta.

Além disso, o que ele quer dizer com “responsável”? Eu nem tentarei adivinhar.

Agora, já que ele contrasta a “dependência” de uma ação contra “determinismo” [11], e uma vez que “dependência” pode ser de um nível menor ou maior, segue-se que o “determinismo” também pode estar em níveis – isto é, não é absoluto, mas relativo [12].

Mas isto coloca Deus, que é o sujeito do “determinismo”, em uma posição semelhante com as criaturas, que são os objetos do “determinismo”. Isto é, algumas coisas “dependem” (são determinadas) por Deus, mas algumas coisas não o são. Ele talvez seja mais poderoso do que nós, assim, existem mais coisas que “dependem” dEle do que “dependem” de nós, mas permanece que, quando se trata de “dependência” e determinismo, Deus difere de nós apenas em níveis, e não em tipo.

Assim, novamente, perdemos o Deus da Bíblia. Em contraste, a posição bíblica é que nós somos “moralmente responsáveis” no sentido de que nós somos devedores morais a Deus; isto é, Deus nos julgará. Nossas crenças e ações terão consequências porque Deus causará estas consequências.

Mais ainda, é “razoável” que Deus nos faça moralmente responsáveis no sentido de que é logicamente válido e moralmente aceitável para Ele fazer. É logicamente válido porque esta é a conclusão deduzida de Sua própria vontade e decreto, e é moralmente aceitável porque Deus é o padrão moral único e definitivo, e Ele aceita Sua própria decisão de fazer Suas criaturas moralmente responsáveis.

Nesta discussão, a questão da liberdade humana nem mesmo entra em debate [13]. É completamente consistente com o determinismo divino absoluto, em que Deus controla todas as coisas, incluindo todo pensamento e decisão humana.

“Ainda assim, nós consideramos cada pessoa moralmente responsável”.

Para entender esta afirmação, e perceber o que está tão errado a respeito disso, nós devemos lê-la no contexto do parágrafo. Aqui está ele novamente:

Se o determinismo é verdade, então nenhuma ação depende de quem a pratica. Pelo menos nenhuma ação depende de alguém que a realize em um nível alto o bastante, para razoavelmente, tornarmos essa pessoa responsável. Ainda assim, nós consideramos cada pessoa moralmente responsável. A melhor explicação é que algumas ações dependem de nós e somos responsáveis por elas.

Para simplificar o argumento, podemos parafrasear como se segue: “Se o determinismo é verdade, então nós não somos moralmente responsáveis. Mas nós consideramos cada pessoa responsável. Portanto, o determinismo é falso”. Mesmo presumindo que concordamos que “consideramos cada pessoa moralmente responsável”, Ganssle não diz nada para estabelecer que isto realmente é a coisa certa a se fazer. Só porque nós fazemos alguma coisa, não significa necessariamente que é a coisa certa a fazer. Talvez nós estejamos errados em considerar cada pessoa moralmente responsável.

Note que o argumento deveria apresentar que o determinismo é falso, e não meramente fazer sentido sobre considerar cada pessoa moralmente responsável. Isto é, a função do argumento não é apenas explicar algo que fazemos, menos ainda se isto é certo ou errado. Pelo contrário, o argumento pretende refutar o determinismo, e para fazer isto, depende da premissa que “nós consideramos cada pessoa moralmente responsável”, e assume que isto é a coisa certa a se fazer (ou que esta premissa deveria ser considerada como algo constante).

Da maneira como é apresentado, o melhor que este argumento pode fazer é explicar porque Ganssle gostaria que o determinismo fosse falso! Ele quer que o determinismo seja falso porque quer explicar o porquê consideramos os outros moralmente responsáveis. Em outras palavras, de acordo com este argumento, com o objetivo de justificar o que fazemos (quer esteja certo ou não), devemos rejeitar o determinismo (seja o determinismo realmente verdade ou não). O argumento é puramente pragmático, não racional.

Além de falhar em estabelecer que devemos considerar cada um moralmente responsável em primeiro lugar, nós já mostramos que Ganssle também falha em estabelecer a premissa anterior, especialmente aquela que afirma que, se uma ação não depende de nós, então não somos moralmente responsáveis por ela. Portanto, o que ele pretende que seja uma explanação racional para afirmar o “livre-arbítrio libertariano”, torna-se uma bagunça incompreensível.

Em contraste, a posição bíblia é que Deus revelou Suas leis morais a nós, e Ele declarou que nós somos devedores de acordo com estas leis. Assim, Ele também estabeleceu relações e instituições humanas que, por meio delas, podemos responsabilizar os outros, de uma forma relativa e temporária, para manter a paz, a ordem e a justiça na sociedade humana – até que a absoluta e perfeita prestação de contas possa ser dada a Deus, quando Ele julgar a humanidade. Ao invés de basear nossos argumentos na intuição ou mesmo na prática (como Ganssle faz), nossa base para a responsabilidade moral é a revelação divina.

“A melhor explicação é que algumas ações dependem de nós e somos responsáveis por elas”.

O que eu disse acima já cobre esta última afirmação. Aqui, eu tratarei o argumento de um ângulo um pouco diferente. Agora, o argumento está dizendo:

1. Se o determinismo é verdadeiro, então nós não somos moralmente responsáveis. [14]

2. Mas nós consideramos cada pessoa moralmente responsável.

3. Portanto, o determinismo é falso.

O problema é que a conclusão não é uma inferência necessariamente proveniente das premissas. Mesmo se nós usarmos as mesmas premissas, poderíamos chegar a uma conclusão muito diferente:

1. Se o determinismo é verdade, então nós não somos moralmente responsáveis.[15]

2. Mas nós consideramos cada pessoa moralmente responsável.

3. Portanto, estamos errados em considerar cada pessoa moralmente responsável.

A versão de Ganssle dos argumentos recusa abrir mão da prática de considerar cada pessoa moralmente responsável, enquanto a outra versão recusa abrir mão do determinismo. As duas versões do argumento são falaciosas, uma vez que as conclusões não se derivam de premissas por inferência necessária. Mais ainda, Ganssle não oferece uma justificativa para a primeira premissa, e esta é uma premissa que eu rejeito.

Terminamos de examinar o parágrafo, mas ainda não acabamos com Ganssle, já que ele agora diz:

“Segundo. O livre-arbítrio libertariano fará mais sentido em nossas decisões. Frequentemente nos encontramos debatendo entre alternativas, e estamos convencidos de que nossa decisão tem um real efeito no que virá. A decisão que nós tomamos, após deliberarmos, parece depender de nós. Se a liberdade não é do tipo libertariana, então a deliberação não faz muito sentido. Portanto, a liberdade libertariana é o melhor conceito de liberdade e liberdade compatibilista não é liberdade, no final das contas.” [16]

Nós já dissecamos tanto sua forma de pensar que, agora, já devemos ser capazes de ver o que está errado com as afirmações acima sem muita ajuda. Então, iremos brevemente resumir os problemas sem entrar em detalhes. Notemos que o parágrafo inteiro tenta novamente fazer sentido sobre o que supostamente fazemos, sem justificar que deveríamos fazer isso. Ele diz “estamos convencidos” de que nossas decisões têm um efeito real no que virá. Mas, quem é ele para falar por todos nós? Na verdade, eu não estou convencido desta afirmação, afinal.

De qualquer forma, mesmo se todos nós estivéssemos convencidos de sua afirmação, a questão permanece “mas é verdadeiro?”. Da maneira como é apresentada, a base de sua premissa é mera intuição subjetiva, ou mesmo a opinião popular. Adicionando-se o fato de que temos o termo ambíguo “efeito real”, toda a afirmação é ininteligível.

Então, ele diz: “A decisão que nós tomamos, após deliberarmos, parece depender de nós.” Novamente, ele descansa sua premissa apenas na intuição. Só porque alguma coisa parece uma forma certa, isto não significa que ela seja realmente verdadeira. Mas nós já discutimos a falácia de se apelar para a intuição, então vamos continuar.

Sua conclusão é que: “se a liberdade não é do tipo libertariana, então a deliberação não faz muito sentido.” Bem, então, pior para a deliberação! O argumento pretende estabelecer o livre-arbítrio libertariano, e para fazer isso, ele afirma apenas que o livre-arbítrio libertariano fará a deliberação ter sentido. Mas o argumento falha porque, primeiro, falha em estabelecer que somente o livre-arbítrio libertariano fará sentido para a deliberação; segundo, ele falha em estabelecer que deveríamos fazer sentido na deliberação; terceiro, falha em estabelecer que a deliberação faz sentido como um todo.

Ele afirma que “a liberdade libertariana é o melhor conceito de liberdade”, porém, não importa se isto é verdadeiro ou não a esta altura, pois ele falha em definir a liberdade libertariana ou, desta forma, qualquer tipo de liberdade.

No entanto, eu talvez concorde com ele em alguma coisa, afinal, pois ele termina o parágrafo dizendo: “liberdade compatibilista não é liberdade, no final das contas.” Agora, como ele explica anteriormente no capítulo, por “liberdade compatibilista”, ele quer dizer “determinada, mas livre” [17]. Ele afirma que este é um conceito popular de liberdade, mas um ao qual ele se opõe. Aqui ele adiciona que “no fim, não é liberdade”. [18]

Mas parece para ele que a única opção restante para se aceitar é a liberdade libertariana; entretanto, isto não é verdade. O que aconteceria se negássemos as liberdades libertariana e compatibilista, e afirmássemos um determinismo divino absoluto e incompreensível?

Eu entendo que muitos escritores reformados/calvinistas objetariam a isto; eles se sentem compelidos a afirmar a liberdade compatibilista. Isto acontece em parte porque eles assumem que o homem tenha algum tipo de liberdade a fim de se justificar ele ser responsabilizado. Mas isso é apenas uma suposição, impossível de provar, e contraditória com a Escritura.

É claro, devemos ser cuidadosos e definir “liberdade” de uma forma acurada e relevante. Devemos pelo menos responder à questão: “liberdade do que?”. Agora, quando falamos de determinismo divino, o “determinador” é Deus. Então, neste contexto, a única coisa relevante da qual se libertar é Deus, e se somos livres de outra coisa, esta é irrelevante. Portanto, a questão se torna “O homem é livre de Deus em algum sentido?”. Uma vez que você assevera que o homem é livre de Deus em algum sentido, você perdeu o Deus da Bíblia.

Uma posição reformada/calvinista/bíblica consistente seria a seguinte: O determinismo divino absoluto é verdadeiro; portanto, o homem não tem liberdade em nada relativo a Deus – ele não é livre de Deus em qualquer sentido. Entretanto, ele ainda é moralmente responsável e devedor porque Deus o considera moralmente responsável e devedor.

Não existe qualquer razão lógica para trazer a questão da liberdade. A premissa “responsabilidade pressupõe liberdade” é completamente arbitrária, anti-bíblica e impossível de ser provada. Pelo contrário, a Escritura ensina que a responsabilidade pressupõe o julgamento divino, e julgamento divino pressupõe a decisão de Deus de julgar. Não existe nenhuma relação com a questão do homem ser livre ou não.

De fato, uma vez que a responsabilidade humana pressupõe o julgamento divino, e desde que julgamento divino pressupõe soberania divina (o direito e o poder de Deus para julgar), segue-se que a responsabilidade humana pressupõe soberania divina, e não a liberdade humana. Nós somos moralmente responsáveis precisamente porque Deus é soberano e nós não somos livres.

A questão então se torna se isto é, ou não justo – isto é, se é justo responsabilizar alguém que não é livre. Entretanto, isto é apenas a mesma questão com outras palavras. A questão da justiça parece ser relevante somente porque já trouxemos ilegítima e arbitrariamente a liberdade para a discussão. Mas nós respondemos que isto é justo porque é o que Deus decidiu fazer, e Ele é o único e definitivo padrão de justiça; portanto, isto é justo por definição.

Essa posição é bíblica e coerente, e não há nada inerentemente contraditório ou impossível sobre isto. Muitas pessoas talvez não gostem porque contradiz suas noções de liberdade, responsabilidade e justiça; no entanto, são noções pecaminosas. Ao apelar para a intuição, eles ignoram os efeitos do pecado na mente. Ao censurar-lhes por colocar sua confiança em sua própria intuição, eu não me volto para minha intuição como verdadeira; pelo contrário, eu apelo para a revelação divina somente, e se nós vamos falar de intuição, devemos observar a revelação para julgar nossa intuição.

Estamos demonstrando que a intuição não pode providenciar um fundamento confiável para nossos argumentos, citando o “livre-arbítrio” de Ganssle como exemplo. Apesar de já concluir a parte principal de nossa discussão sobre o assunto, ainda existe um tópico relacionado que precisamos tratar, a fim de evitar um mal-entendido e evitar confusão. Tenho em mente nosso conhecimento inato de Deus, e sua relação com a intuição e a revelação.

A Escritura ensina que toda pessoa tem um conhecimento inato de Deus, no sentido que ela conhece Deus e Seus atributos por instinto, ou por intuição, à parte da observação e experiência. Este conhecimento reside na mente do homem porque Deus colocou diretamente nele, como uma criatura feita à imagem divina.

Apologistas pressuposicionalistas frequentemente mencionam este fato; entretanto, quando eles fazem isto, eles não estão apelando para a intuição? Precisamos pensar nisso com cuidado.

Nós não dissemos que mesmo uma menção da intuição causaria uma falácia; pelo contrário, dissemos apenas que é falacioso apelar para a intuição como base para os argumentos, ou apelar para intuição a fim de retirar premissas de nossos argumentos. Talvez ainda haja um lugar para nosso conhecimento de Deus em um sistema coerente de teologia.

No caso do pressuposicionalismo, formulado biblicamente e racionalmente, nosso conhecimento inato de Deus não é estabelecido pela própria intuição, mas pela revelação. Não dizemos “eu tenho um conhecimento intuitivo de Deus; portanto, certamente eu tenho um conhecimento intuitivo de Deus”, e partindo disso dizemos:

“Portanto, meu conhecimento intuitivo de Deus é verdadeiro”.

Ao invés disso, dizemos: “a revelação de Deus me diz que eu tenho um conhecimento intuitivo de Deus; portanto, certamente tenho um conhecimento intuitivo de Deus”. E, “a revelação de Deus diz que meu conhecimento intuitivo de Deus é verdadeiro em si mesmo, ou até onde ele vai; portanto, meu conhecimento intuitivo de Deus é verdadeiro em si mesmo, ou até onde ele vai”.

Assim, devemos adicionar também: “a revelação de Deus me diz que nosso conhecimento intuitivo de Deus foi diminuído e distorcido pelo pecado; portanto, apesar de ser verdade que tenho um conhecimento intuitivo de Deus, e apesar deste conhecimento intuitivo de Deus ser verdade em si mesmo, esta intuição nunca é confiável como uma fonte de conhecimento ou justificativa para minhas premissas de raciocínio, porque eu não posso perceber claramente e representar acuradamente a informação contida nesta intuição. Portanto, se hei de saber alguma coisa sobre tudo isto, preciso que a revelação de Deus me conte o que este conhecimento intuitivo contém”.

Então, quando falamos sobre nosso conhecimento intuitivo de Deus, estamos falando sobre uma afirmação feita pela revelação sobre intuição. Isto não é uma afirmação da intuição sobre a intuição, e ainda menos uma afirmação feita pela intuição sobre a revelação.

Em outras palavras, quando mencionamos nosso conhecimento inato de Deus, não estamos tentando provar a revelação de Deus por nossa intuição; pelo contrário, apenas afirmamos que a revelação de Deus nos conta o que sabemos pela intuição. Novamente, este conhecimento foi diminuído e distorcido pelo pecado, mas sabemos isto somente pela revelação.

Portanto, quando falamos sobre intuição, e especialmente sobre nosso conhecimento intuitivo de Deus, é uma proposição inteiramente diferente daquela a qual estamos nos opondo. Em nenhuma instância nós fizemos a intuição como base de nossos argumentos; nós dependemos unicamente da revelação divina.

Como pressuposicionalistas bíblicos, começamos pela revelação, e dela deduzimos todas as proposições necessárias dentro da nossa cosmovisão; não há qualquer dependência da intuição. Quando mencionamos intuição, nós fazemos isto no contexto de dizer que a revelação de Deus nos diz que todas as pessoas conhecem a Deus pela intuição, e isto explica porque eles não podem desculpar-se lógica ou moralmente a si mesmos. Nós não começamos dizendo, pela intuição, que todos conhecem a Deus, e, portanto, não há desculpa para a descrença; nós começamos pela revelação, e então, com base na revelação, dizemos que todas as pessoas conhecem a Deus pela intuição e, portanto, na autoridade da revelação de Deus (e não da intuição), não há desculpas para a descrença.

Mais ainda, nossa afirmação é mais forte que apenas dizer que o conhecimento de Deus é intuitivamente inescapável; ao invés disso, nossa afirmação é que, positivamente, o conhecimento de Deus é claro e intenso, e negativamente, é logicamente inevitável e inegável.

Assim, o criticismo contra argumentos intuitivos não se aplica à apologética bíblica/Pressuposicionalista coerente. Os oponentes do Cristianismo devem, portanto, atacar diretamente a revelação.

Da mesma forma, uma vez que nossas críticas contra a intuição continuam fortes, aqueles que apelam para a intuição como base para seus argumentos, ao atacar o Cristianismo precisam provar a confiabilidade da intuição; de outra forma, eles terão de evitar isto. Em outras palavras, não somente eles devem atacar diretamente a revelação, como devem também ter alguma coisa para poder atacá-la.

Notas:

[1] - Gregory E. Ganssle, Thinking About God (InterVarsity Press, 2004).

[2] - Ibid., p. 136-137, ênfase adicionada.

[3] - Eu já escrevi sobre todas elas em meus livros e artigos. As obras relevantes incluem: Systematic Theology, Ultimate Questions, Presuppositional Confrontations, Apologetics in Conversation, Commentary on Ephesians, The Sermon on the Mount , “The Problem of Evil”, and “Professional Morons”.

[4] - Por que estou sendo duro para com este tipo de pensamento? Porque ele é um tipo de pensamento irracional, e que é freqüentemente usado para asseverar posições heréticas, tais como o livre-arbítrio libertariano.

[5] - Veja Gordon Clark, Predestination.

[6] - Veja Martin Luther, The Bondage of the Will.

[7] - Ganssle, p. 137.

[8] - Antes de colocar as seguintes críticas no “papel”, eu cuidadosamente verifiquei seu livro novamente, e prestei uma atenção especial ao capítulo no qual estas declarações aparecem. Ganssle tenta providenciar mais detalhes e argumentos nas páginas anteriores. Contudo, nada do que ele diz pode servir para se defender das críticas acima. Leitores que desejam verificar isto, podem verificar as páginas 129-137 do seu livro.

[9] - Estou ciente de que ele tenta definir (ou antes ilustrar) a expressão na página 135, mas sua expressão falha em clarificar o conceito. Na mesma página, ele admite, “Agora, “dependência” não é um conceito muito preciso.

[10] - Veja Systematic Theology, Ultimate Questions, Commentary on Ephesians, e “The Problem of Evil”. Veja também, Predestination e God and Evil de Gordon Clark.

[11] - Isto é, se algo “depende de” Deus, então não “depende de” nós.

[12] - Isto é, se algo “depende de” nós, então não “depende de” Deus. E visto que Ganssle contende que algumas ou muitas coisas são “dependentes” de nós, segue-se que algumas ou muitas coisas não são “dependentes” de Deus. Portanto, a menos que o “determinismo” seja absoluto e compreensivo, ele é apenas outra palavra para uma “dependência” similar à nossa, mesmo que seja maior em grau ou mais frequente em ocorrências.

[13] - Não há lugar lógico para a liberdade humana entrar na discussão; tem que ser arbitrariamente introduzido por força.

[14] - Lembre-se que Ganssle falha em justificar esta declaração, e não aceitamos isso. Mas isto é o que ele assevera.

[15] - Novamente, negamos isto, mas isto é o que Ganssle assevera sem justificação.

[16] - Ganssle, p. 137.

[17] - Ibid., p. 131.

[18] - Concordo com ele no sentido que eu afirmo que, se uma ação é completamente determinada por Deus, então a pessoa que realiza a ação não é, em nenhum sentido, livre de Deus. Portanto, o determinismo divino e a liberdade humana são mutuamente exclusivos. Aqueles que asseveram que estes dois são de fato compatíveis invariavelmente, definem determinismo duma maneira que Deus, na realidade, não determina todas as coisas, em cujo caso não é o determinismo sobre o qual estou falando; ou, eles esquecem que estamos considerando um tipo de liberdade com relação a Deus (ser livre de Deus), em cujo caso a liberdade é considerada irrelevante.

Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts.



“Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; hiper-calvinistas supralapsarianos!!!”


Atenciosamente, respeitosamente e fraternalmente:
Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.