*******************************************
Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.
*******************************************
As pessoas
frequentemente me perguntam sobre fatalismo. A maioria delas são pessoas
educadas e educáveis que desejam conhecer o que o fatalismo e determinismo são,
como eles diferem um do outro, e como minha posição difere do fatalismo.
Aqui estão
dois exemplos:
(1)
Gostaria de saber qual é a sua posição sobre fatalismo. Fatalismo e
determinismo são a mesma coisa?
(2)
Gostaria de saber como você diferenciaria o determinismo estrito do fatalismo.
A razão pela qual eu pergunto isto é que me parece que a maioria dos
calvinistas que sustentam o determinismo suave se esforça para evitar a
acusação de serem fatalistas.
Então, há alguns que abertamente me acusam de
ensinar fatalismo.
O seguinte
será suficiente como minha resposta a ambos os grupos de pessoas.
Embora eu assuma, que a maioria das pessoas teria
isto em mente, mesmo que eu não mencionasse, por favor, lembre-se que por
“determinismo”, estamos nos referindo somente ao determinismo teísta, teológico
ou divino, e não ao determinismo naturalista, biológico ou científico, o último
sendo a posição afirmada pela maioria dos ateus. Estamos considerando o
controle que Deus exerce sobre a Sua criação, e não a relação entre ações humanas e causas
naturais antecedentes (tais como genética e fatores ambientais).
— /// —
Por algumas definições, os termos “determinismo” e
“fatalismo” são similares.
Por exemplo, alguns dicionários ingleses definiriam
estes termos de formas que falhariam em fazer uma clara distinção entre eles.
Merriam-Webste é muito ambíguo para o nosso propósito, e Webster's New World
Thesaurus considera as duas palavras como sinônimas. Certamente, mesmo aqueles
que afirmam o determinismo “suave” e me acusam de ensinar o fatalismo, não
aceitariam estas definições ambíguas, visto que então eles se tornariam,
na melhor das hipóteses, “fatalistas
suaves”. As definições na literatura teológica e filosófica poderiam ser mais
precisas.
Por
“fatalismo”, eu me refiro ao ensino de que todos os eventos são
pré-determinados por forças impessoais, a despeito de meios, de forma que, não
importa o que uma pessoa faça, a mesma consequência resultará.
Por “determinismo”, estou especificamente me
referindo ao determinismo teológico ou divino — estou me referindo ao ensino de
que o Deus pessoal da Bíblia pré-determinou inteligentemente e imutavelmente
todos os eventos, incluindo
todos os pensamentos, decisões e ações humanas, predestinando
assim tanto os fins como os meios para aqueles fins.
Estas não
são definições privadas minhas, mas elas são consistentes com o uso comum na
literatura teológica e filosófica.
Por
exemplo, o Dr. Alan Cairns, um respeitado pastor e teólogo Presbiteriano, cuja
ortodoxia é geralmente inquestionável, e que é ele mesmo um determinista
“suave” (p. 186), define “fatalismo” da seguinte forma: “A teoria da
necessidade inevitável; a filosofia oriental pagã de que todas as coisas são
pré-determinadas por forças cegas e irracionais, e, portanto, não há como o
esforço humano mudar algo” (Dicionário de Termos Teológicos; p. 176,
“fatalismo”).
Agora,
diante dos olhos de Deus, quem ousaria me acusar de ensinar que “todas as
coisas são pré-determinadas por forças cegas e irracionais”? Fazer isso seria
cometer o pecado de calúnia, e alguns têm realmente cometido este pecado contra
mim por suas falsas acusações.
E quem
ousaria me acusar de ensinar que todas as coisas ocorrem como pré-determinadas,
a despeito dos meios? Eu afirmo que Deus determinou todas as coisas por
imutavelmente pré-ordenar e diretamente controlar tanto os fins como os meios.
É perigoso
falar de coisas que você não entende, e parece que aqueles que me acusam de
ensinar o fatalismo são, de fato, ignorantes do que fatalismo realmente
significa.
Assim como
alguns Arminianos falsamente acusam os Calvinistas de ensinar o fatalismo,
aqueles Calvinistas que afirmam o determinismo “suave” dão meia-volta e me
acusam de ensinar o fatalismo, quando tanto estes Calvinistas como aqueles
Arminianos não têm ideia (ou se o tem, negam por conveniências e
explorações; psicológicas e financeiras); do que o fatalismo significa.
Estas pessoas não têm a cortesia de nem mesmo dar uma olhada na palavra num
dicionário teológico para se certificar que ela se aplica.
Quanto
àqueles de vocês que são atenciosos e ensináveis — diferentemente daqueles que
fazem acusações ignorantes e caluniosas, pretendendo ser eruditos quando não o
são — eu não acuso vocês por perguntar sobre isto, visto que há muita falsa
informação sendo circulada.
Tenha
certeza que o que eu ensino, embora seja uma versão mais vigorosa do
determinismo que você está acostumado a ouvir, é muito diferente do fatalismo.
De fato, ele é tão diferente do fatalismo como o teísmo é diferente do
paganismo e ateísmo, visto que eu afirmo que todas as coisas são determinadas
por um Deus pessoal e soberano, não por “forças cegas e irracionais”.
Portanto,
não permita que pessoas ignorantes te confundam ou te enganem.
—
/// —
Então, eu
apontarei também algo que é comumente mal-entendido, a saber, algumas pessoas
assumem que uma pessoa tem mais liberdade sob o “determinismo” e que as coisas
são mais abrangentemente determinadas no “fatalismo”. Mas isto não é verdade.
O fato é
que, as coisas são mais determinadas no determinismo divino do que em qualquer
outro esquema. Sob o “fatalismo” (como definimos apropriadamente acima), um
evento é pré-determinado de tal forma que a mesma consequência resultará “não
importa o que você faça”, isto é, a despeito dos meios.
Mas sob o
determinismo divino, embora “importe” o que você faça, “o que você faz” é
também imutavelmente pré-determinado em primeiro lugar. E “importa” porque há
uma relação definida entre “o que você faz” e o resultado, mas até mesmo esta
relação é determinada e controlada por Deus.
(Do que as
pessoas me acusarão agora? Eu não posso ser acusado de ensinar fatalismo, visto
que estou dizendo que o fatalismo é muito fraco! Mas os caluniadores pensarão
em algo...).
Assim, eu
afirmo o determinismo divino e não o fatalismo, mas não pela razão que as
pessoas algumas vezes evitam o fatalismo. Eu afirmo o determinismo não porque
as coisas são menos controladas neste esquema — elas são mais controladas nele
— mas eu o afirmo porque ele é a verdade revelada e racional.
—
/// —
Aproveitando, há aqueles que declaram que meu
determinismo é “Spinozismo” (seguindo a filosofia de Spinoza).
Relacionado a isto está a acusação de que meu ocasionalismo é panteísmo (veja
A. A. Hodge em Esboços de Teologia). Mas isto também é estúpido e ignorante.
Se o
panteísmo afirma que “tudo é Deus”, então isto significa que quando Deus age em
qualquer objeto, Ele sempre está agindo em Si mesmo. Contudo, isto está muito
longe do que eu afirmo. Antes, eu afirmo que Deus criou entidades espirituais e
materiais que são outras além dEle, mas que Ele, todavia, as sustenta e
controla completamente. Dizer que Deus controla X é muito
diferente de dizer que Deus é X.
Portanto,
assim como com a acusação de fatalismo, estas pessoas não têm ideia do que o
panteísmo significa, e me acusar de ensinar explicitamente ou implicitamente o
panteísmo não é nada senão calúnia barata e desonestidade intelectual.