sexta-feira, 12 de agosto de 2022

 

Convite ou comando??? 

Autor: Rev. Prof. Dr. Herman Hanko. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

*****************************************

“Vinde a mim, todos os que estais cansados ​​e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”, declara Cristo em Mateus 11:28. “Neste texto”, pergunta um leitor, “Jesus está nos convidando ou ordenando que venhamos a Ele?”

O texto em questão é frequentemente (embora erroneamente); citado pelos defensores de uma oferta graciosa e bem intencionada do evangelho a todos. As palavras de Jesus são interpretadas como significando que Cristo está convidando todos os homens a virem a Ele. O texto, então, não é um comando, mas um convite. É um convite no qual Cristo graciosamente expressa Seu desejo de que todos os homens cabeça a cabeça venham a Ele para receber a salvação. Essa interpretação ensina que, porque o texto é um convite, a vinda a Cristo é obra do homem que escolhe vir. Afinal, um convite pode ser aceito ou rejeitado. A oferta graciosa e bem intencionada do evangelho é contrária às Escrituras. Jesus enfaticamente não está convidando todos os homens a virem a Ele. Ele acabou de orar a Seu Pai:

“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Mesmo assim, Pai, porque assim pareceu bem aos teus olhos” (25-26). É mesmo remotamente possível que Jesus agradeça a Deus por esconder a verdade de alguns e revelá-la a outros e depois se virar e implorar a todos que venham a Ele? Um homem não está pensando direito se afirmar esse tipo de linguagem.

Além disso, depois de concluir esta oração a Seu Pai, Jesus prossegue dizendo: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser [isto é, deseja] revelá-lo” (27).

Jesus deixa bem claro que, embora seja a vontade de Deus esconder as verdades espirituais dos sábios e revelar essas mesmas verdades aos bebês, Ele, o único que conhece o Pai, é comissionado para cumprir a vontade de Seu Pai. Aqueles que ensinam uma oferta graciosa e bem-intencionada querem que acreditemos que Cristo, que cumpre a vontade de Seu Pai em esconder e revelar, agora de repente se vira e diz a todos a quem Ele prega que tanto Ele quanto Deus desejam sinceramente que todos cabeça por cabeça sejam salvos!!!

É absurdo! Tampouco ajudará fugir do texto e se esconder atrás do arbusto da “aparente contradição”. Essa é a fuga de um covarde. Não é de admirar que Jesus diga à multidão em Cafarnaum: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). Cristo assegura a Seus discípulos e a todos os que O ouvem que todos os eleitos, dados a Ele pelo Pai, querem e, de fato, vêm a Ele. Portanto, não só é certo que todos os eleitos virão a Ele, mas também é certo que somente os eleitos virão a Ele; ninguém mais. Não é, portanto, absurdo dizer que Jesus, apesar desse fato, ainda suplica a todos que venham a Ele?  Não vai funcionar refugiar-se na torre em ruínas da “aparente contradição”.

Nem a Escritura deixa espaço para o livre arbítrio do homem, algo que os defensores da oferta bem intencionada fazem astutamente. Cristo diz: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44). Não há segurança das palavras claras das Escrituras na desculpa esfarrapada da “aparente contradição”. Nem a flecha, disparada de um arco quebrado, atinge qualquer coisa ao chamar aqueles que negam essa “aparente contradição” e a oferta graciosa e bem-intencionada de “racionalistas”. Xingamentos nunca podem defender com sucesso a mentira.

Mateus 11:28 é um belo texto. Resumidamente, sua beleza está no fato de que Jesus não está chamando todos os homens, mas apenas Seu povo amado. Aqueles que “trabalham e estão sobrecarregados” são, em primeira instância, aqueles, ainda na antiga dispensação, que ouviram as exigências da lei e sabiam em seus corações que não poderiam guardar essa lei. A lei tornou-se para eles um fardo grande demais para suportar e os confrontou com uma obrigação que eles sabiam que nunca poderiam cumprir.

As palavras de Jesus são lindas: “Na lei não há paz e o fardo de guardá-la é grande demais para carregar. Venha até mim; O meu jugo é suave e o meu fardo leve”. É o chamado para todo pecador esmagado pelo pecado, seja judeu ou gentio, seja no primeiro ou no século XXI, que tentou salvar a si mesmo, mas encontra a exigência de Deus para sempre além dele.

Aqueles que sabem disso são aqueles que são dados a Cristo por Deus, isto é, os eleitos. O Espírito de Cristo começou Sua obra, pois o único caminho para Cristo é o caminho da tristeza pelo pecado, vergonha que enche a alma do filho de Deus de horror e um profundo desejo de escapar das consequências de não fazer o que ele sabe que deve fazer, mas não pode.

Isso é um convite de Cristo? Bem, só se você entender que um convite do Rei dos reis vem como uma ordem. Um convite para uma festa de aniversário de um amigo que você pode aceitar ou rejeitar. Um convite do Senhor do céu e da terra é uma ordem que é melhor você obedecer — ou perder a vida!

É, portanto, um comando, sem dúvida. Mas está expresso de uma maneira que, na ordem do Senhor de vir a Ele com o fardo do pecado, Ele fala com ternura e amor infinito, pois Ele corteja os eleitos de Deus para Ele por meio de palavras doces. Ele sabe quão grande pode ser o fardo do pecado de Seu povo. Ele sabe como, esmagados sob seu pecado, eles se perguntam se Deus pode recebê-los. Ele sabe que eles estão tão envergonhados que vir a Cristo parece uma ousadia grande demais para um pecador indigno.

As palavras são calculadas para nos dar coragem, coragem no amor de Cristo por nós, um amor que é grande demais para nós compreendermos. O Senhor não diz a você e a mim: “Vinde a mim – senão”. Sua voz não é áspera e ameaçadora. Ele vem em Seu amor pelos pecadores pobres, castigados e assustados que sabem que seus pecados os tornam indignos até mesmo para Cristo dar uma rápida olhada em sua direção. “Venha a mim... Eu cumpri a lei para você que não pode guardá-la. Eu lhe darei descanso – descanse na salvação somente pela graça!”

Autor: Rev. Prof. Dr. Herman Hanko. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.