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Por: Vincent Cheung. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Ph.D. Th.D.
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Finalizaremos
aqui, nossa discussão sobre o Calvinismo inconsistente, usando A. A. Hodge como
nosso exemplo.
[A criação
contínua] é inconsistente com as nossas originais e necessárias intuições da
verdade de todos os tipos, física, intelectual e moral. Nossas intuições
originais asseguram-nos da real e permanente existência das substâncias
espirituais e
materiais exercendo poder, e dos nossos próprios espíritos como reais,
causas auto-determinantes de ação, e consequentemente como agentes morais
responsáveis. Mas se esta doutrina é verdadeira, estas intuições primárias e constitucionais
da nossa natureza nos enganam, e se estas nos enganam, o universo inteiro é uma
ilusão, nossa natureza uma desilusão, e o cepticismo absoluto inevitável. (261)
Hodge está tentando refutar a criação contínua.
Neste exato momento, o assunto em questão não é se a criação contínua é
correta, mas a questão é que a sua refutação é terrível. Entre outras coisas,
esta é uma demonstração espetacular de uma falácia lógica. Ele diz que a
criação contínua contradiz nossa intuição, de forma que, se a criação contínua
é correta, então, nossa intuição é errada, e se nossa intuição é correta, então
a criação continua é errada.
E daí? Primeiro.
Ele falha em mostrar que a nossa intuição é universal. Minha própria intuição
certamente não me diz tudo o que ele está reivindicando aqui. Segundo.
Ele falha em mostrar que nossa intuição é infalível; nós não temos nenhuma ideia
se ela é correta ou errada. Terceiro. Ele falha em mostrar que
nossa intuição é necessária. Ele reivindica que se negarmos nossa intuição,
então o “cepticismo absoluto” é inevitável, mas ele falha em mostrar que não há
outras formas de evitar o cepticismo, ou que devamos rejeitar o cepticismo
absoluto logo de início.
Então, quando ele tenta uma construção positiva
sobre o assunto, ele escreve:
“As
propriedades ou poderes ativos têm uma real, e não meramente aparente,
eficiência como causas secundárias em produzir efeitos apropriados a elas; e os
fenômenos, da mesma forma que a consciência e o mundo exterior, são realmente
produzidos pela agência eficiente das causas secundárias, como somos informados
pelas nossas intuições nativas e necessárias.” (261-262).
Mas ele falha em mostrar que nossa intuição
realmente nos diz tudo isto (a minha não diz!), nem ele estabelece que ela seja
“nativa e necessária”; todavia, ele está tentando estabelecer a doutrina
bíblica da providência sobre esta base frágil.
“Até mesmo
nós, se entendermos a fundo o caráter de um amigo, e todas as circunstâncias
presentes sob as quais ele age, estamos frequentemente certos de como ele agirá
livremente, embora ausente de nós.” (291)
Isto
também é uma falácia lógica. Hodge está tratando do assunto, “Prova de que a
certeza de uma volição não é em nenhum grau inconsistente com a liberdade do
agente em ação”. Mas ele falha em provar qualquer coisa aqui. Apenas porque ele
insere a palavra “livremente” não significa que ela pertença ao ato. Eu posso
mui facilmente dizer, “Até mesmo nós, se entendermos a fundo o caráter de um
amigo, e todas as circunstâncias presentes sob as quais ele age, estamos frequentemente
certos de como ele agirá, embora ausente de nós; portanto, sua ação não é
livre, mas determinada”.
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Eu penso que isto seja o suficiente. Novamente, meu
propósito não é mostrar quão ruim Hodge é; de fato, ele já é muito melhor do
que muitos. Meu propósito é lhe encorajar a abandonar as falsas suposições e
hábitos pobres exibidos por muitos teólogos
escritores, incluindo muitos autores reformados/calvinistas. Pelo contrário,
devemos adotar uma teologia bíblica, coerente e defensível. Tal teologia
edificará os eleitos, silenciará os réprobos e glorificará a Deus, cuja palavra
escrita revela perfeita racionalidade (fim da série).
Nota sobre o autor: o Rev. Prof. Dr. Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. http://www.rmiweb.org/