segunda-feira, 22 de agosto de 2022

 

Primórdios do Movimento Reformado no Brasil

Por: Alderi Souza de Matos.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Os primeiros calvinistas chegaram ao Brasil ainda no começo da sua história. No final de 1555, um grupo de franceses liderados por Nicolas Durand de Villegaignon instalou-se em uma das ilhas da baía de Guanabara. Um ano e meio mais tarde, chegou à "França Antártica" um grupo de colonos e pastores reformados enviados pelo próprio João Calvino, em resposta a um pedido de Villegaignon. No dia 10 de março de 1557 esses evangélicos realizaram o primeiro culto protestante no Brasil e possivelmente no Novo Mundo. Eventualmente, surgiram desavenças teológicas entre Villegaignon e os calvinistas. Cinco deles foram presos e forçados a escrever uma declaração de suas convicções. O resultado foi a bela "Confissão de Fé da Guanabara." Com base nessa declaração, três dos calvinistas foram executados e um deles foi poupado por ser o único alfaiate da colônia. O quinto autor da confissão de fé, Jacques le Baleur, conseguiu fugir, mas eventualmente foi preso e mais tarde enforcado. Dentre os que conseguiram retornar para a França estava o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde tornou-se pastor e escreveu a célebre obra Viagem à Terra do Brasil.

A próxima tentativa de introdução do calvinismo no Brasil ocorreu em meados do século XVII através dos holandeses. No contexto da guerra contra a Espanha, a Companhia das Índias Ocidentais ocupou o nordeste brasileiro por vinte e quatro anos (1630-1654). O mais famoso governante do Brasil holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau-Siegen (1637-1644). Embora os residentes católicos e judeus tenham gozado de tolerância religiosa, a igreja oficial da colônia foi a Igreja Reformada da Holanda, que realizou uma grande obra pastoral e missionária. Ao longo dos anos foram criadas 22 igrejas e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo (1642-1646). Além da assistência aos colonos europeus, a igreja reformada fez um grande trabalho missionário junto aos indígenas. Ao lado da pregação e ensino, houve a preparação de um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução das Escrituras e a ordenação de pastores indígenas, o que não chegou a efetivar-se. Com a expulsão dos holandeses, as igrejas nativas vieram a extinguir-se e por um século e meio desapareceram os vestígios do calvinismo no Brasil.

O protestantismo em geral e o presbiterianismo em particular só puderam estabelecer-se definitivamente no Brasil após a chegada da família real em 1808. Em 1810, Portugal e a Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação cujo artigo XII pela primeira vez em nossa história concedeu liberdade religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos deles começaram a chegar de diversas regiões da Europa, inclusive reformados franceses, suíços e alemães. Em 1827, por iniciativa do cônsul da Prússia, foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemã-Francesa, que congregava luteranos e calvinistas.

Durante várias décadas, o calvinismo ficou restrito às comunidades imigrantes, sem atingir os brasileiros. Os poucos pastores reformados ou presbiterianos que por aqui passaram restringiram suas atividades religiosas aos estrangeiros. Tal foi o caso do Rev. James Cooley Fletcher, um pastor presbiteriano norte-americano que teve uma longa e frutífera ligação com o Brasil a partir de 1851. Ele deu assistência religiosa a marinheiros e imigrantes europeus, procurou aproximar o Brasil e os Estados Unidos nas áreas diplomática, comercial e cultural e escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros, publicado em 1857. Através de seus contatos com políticos e intelectuais brasileiros, Fletcher contribuiu indiretamente para a introdução do protestantismo no Brasil. Foi por sua sugestão que o missionário congregacional inglês Robert Reid Kalley veio para o Brasil em 1855.

Finalmente, o presbiterianismo foi implantado entre os brasileiros graças ao trabalho do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867), que chegou ao Brasil em 12 de agosto de 1859 e dois anos e meio mais tarde organizou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (12-01-1862). Em março de 1865, seu colega e cunhado Alexander Latimer Blackford organizou a segunda comunidade presbiteriana em terras brasileiras, a Igreja Presbiteriana de São Paulo.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.

 

A Ordem dos Decretos de Deus, Supralapsarianismo ou Infralapsarianismo??? 

(Os Trinitarianos e os Presbiterianos Ortodoxos; são 100% Supralapsarianos); Por: Rafael Gabas.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Poderíamos declarar que Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil ‘antes de Cristo', ‘anteriormente' ao nascimento de Moisés, e ‘antes' que houvesse algum homem na terra? Poderíamos dizer que a bomba atômica foi jogada sobre o Japão ‘antes da criação do mundo', e que você, leitor, esteve lendo este artigo ‘desde a eternidade'? Essas perguntas parecem ridículas, mas, seguindo o raciocínio dos que ensinam a predestinação calvinista nos dias atuais, elas deveriam ser respondidas da seguinte forma: “Sim, tudo o que existiu e existirá já ocorreu eternamente diante de Deus, que decretou todos estes eventos. Porém, não devemos esquecer que tais decretos mantém uma lógica entre si, de modo que os decretos da criação do mundo e do nascimento de Pedro Álvares Cabral vieram antes do decreto do Descobrimento do Brasil. Todas as coisas são conhecidas perfeitamente por Deus desde todo o sempre, mas Ele as vê entrelaçadas numa cadeia racional de acontecimentos.” É assim que a maioria dos reformados (Infralapsarianos); entendem que Deus destinou as pessoas à salvação:

(1) Ele decretou a demonstração de Sua glória na criação;

(2) A formação de Adão;

(3) A queda espiritual deste;

(4) A escolha de alguns para serem salvos;

(5) A destinação dos outros ao castigo de seu (s) pecado (s);

(6) O envio de Cristo para morrer pelos escolhidos;

(7) A chamada eficaz destes, levando-os à conversão.

Para os calvinistas atuais, (Infralapsarianos); a Bíblia afirma que Deus elegeu Seu povo “antes da criação do mundo” (Ef 1.4), “de antemão” (Rm 8.29) e “antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1.9; Tt 1.1), porque, apesar da eleição ocorrer logicamente após a criação e a queda, atingindo um grupo de indivíduos já existentes, manchados com o pecado de Adão, ela foi decretada desde a eternidade. Essa é uma falácia tão grotesca, que me assusta como pude aceitá-la por tanto tempo, crendo que esse era um calvinismo bíblico e sadio. Seria o mesmo que afirmar que o mundo foi criado ‘antes dos tempos eternos', ou que Adão pecou ‘antes da criação do mundo'. Se os decretos da criação e da queda vieram antes do decreto da eleição e da reprovação, qual o sentido de a Bíblia enfatizar, repetidamente, uma anterioridade nestes últimos atos (marcada pelo termo “pré”), que só seria real para Deus? A eleição e a reprovação não ocorreram após a primeira transgressão, quando a humanidade se tornou uma massa condenada, mas “antes da criação do mundo”, “antes dos tempos dos séculos”; essas expressões seriam supérfluas, se Deus houvesse escolhido os Seus após decretar a criação e a queda, pois, nesse caso, se deveria dizer que a eleição ocorreu após a entrada do pecado.

Para a maior parte dos calvinistas, Deus amou os Seus filhos desde a eternidade, no mesmo sentido em que Ele curou a Ezequias desde a eternidade, inspirou as cartas de Paulo desde a eternidade, e criou o mundo desde a eternidade – ou seja: apesar dessas coisas acontecerem no tempo, em função de decretos prévios, elas foram arquitetadas fora do tempo, antes da criação do mundo, sendo consideradas certas por Deus.

Isso é um jogo de palavras para fugir da realidade em que a Bíblia apresenta a verdade da predestinação: como a decisão inicial de Deus, o Pai, para revelar Sua glória através de Seu Filho, elegendo alguns homens para serem livrados do castigo e revestidos de Sua glória, e lançando os outros na destruição eterna. A ordem correta dos decretos segundo os calvinistas supralapsarianos, é esta:

(1) Revelar a glória de Deus na morte e ressurreição do Filho encarnado, em favor dos pecadores (Jo 17.25; Rm 11.36; Cl 1.16; 1Pe 1.20; Ap 13.8);

(2) Escolher alguns indivíduos para serem livrados da condenação (Ef 1.4);

(3) Rejeitar os outros, para servirem para demonstrar Sua ira;

(4) Tornar todos, eleitos e reprovados, em culpáveis;

(5) Criar o homem;

(6) Criar o Universo;

(7) Fazer o homem pecar;

(8) Enviar o Filho para sofrer os pecados dos eleitos;

(9) Chamá-los à vida eterna pelo Espírito Santo.

Essa ordem, à primeira vista, pode parecer ilógica, pois coloca o decreto da queda vindo antes do decreto da criação. Contudo, partindo do primeiro ponto, fica fácil enxergar que os outros são consequências do propósito original de Deus, para exibir Seu amor libertador e Sua ira vindicativa em (e através de) Cristo, como o Salvador ressuscitado. Porém, não havia mundo para Ele se encarnar, e nenhum indivíduo que pudesse ser amado ou odiado, razão pela qual Deus imaginou a humanidade que formaria e selecionou alguns de seus membros para serem atingidos pela obra de Cristo, destinando o restante à destruição;

Isso deixa claro que a eleição e a reprovação foram incondicionais, sem observar nenhuma condição preenchida pelos homens, pois nenhuma pessoa possuía qualquer característica, boa ou má, nem Adão havia quebrado a aliança, nem o Universo havia sido criado; ao contrário: tudo isso foi projetado para cumprir a eleição e a reprovação.

A Bíblia ensina que a criação e a queda foram decretadas para que Deus enviasse Seu Filho como Salvador do mundo, demonstrando Seu amor eterno (que não começou com a queda) sobre os eleitos, e demonstrar o poder de Sua ira sobre os reprovados. Após eleger Seus filhos e odiar os outros, Deus deveria torná-los, todos, em seres culpáveis, dignos da condenação eterna, a fim de que houvesse um estado de miséria do qual os eleitos fossem removidos, e os reprovados fossem castigados.

Num próximo artigo, analisaremos as bases bíblicas dessas coisas, comentando as passagens de Rm 8.28-9.24, versículo por versículo. Aqui, pretendi apenas esclarecer a mecânica do sistema que defendo.

Ilustres, Supralapsarianos: Lucidus, Gottschalk, Thomas Bradwardine, Pedro Valdo, Wycliffe, Huss, Jerônimo Zanchi, Teodoro de Beza, Francis Gomarus, Willian Twisse, Louis Berkhof, Gordon Clark, Robert L. Reymond, W. Gary Crampton, Vincent Cheung e o Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C. Nós, os Trinitarianos Reformados, confessamos que, Deus “tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor” (Ef 3.9-11).

A Bíblia ensina que a criação e a queda foram decretadas para que Deus enviasse Seu Filho como Salvador do mundo, demonstrando Seu amor eterno (que não começou com a queda); sobre os eleitos e eleitas, e demonstrar o poder de Sua ira sobre os reprovados. Nó, os Trinitarianos Reformados e Presbiterianos Ortodoxos, somos 100% Supralapsarianos!!!

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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Sacramento do Batismo Ministrado na ITB.(Igreja Trinitariana Brasileira) e na IPOB. (Igreja Presbiteriana Ortodoxa do Brasil). (batismo infantil e adulto, Principais considerações):

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

O que diz o Catecismo Maior de Westminster:

Pergunta 165 – O que é Batismo?

Resposta: Batismo é um sacramento do Novo Testamento no qual Cristo ordenou a lavagem com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, para ser um sinal e selo de nos unir a si mesmo, da remissão de pecados pelo seu sangue e da regeneração pelo seu Espírito; da adoção e ressurreição para a vida eterna; e por ele os batizando são solenemente admitidos à Igreja visível e entram em um comprometimento público, professando pertencer inteira e unicamente ao Senhor (Mt 28:19; Gl 3:26 e 27; At 2:41; Rm 6:4).

Pergunta 166 – A quem deve ser administrado o Batismo?

Resposta: O Batismo não deve ser administrado aos que estão fora da igreja visível, e assim estranhos aos pactos da promessa, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e obediência a Ele; porém as crianças, cujos pais, ou um só deles, professarem fé em Cristo e obediência a ele, estão, quanto a isto, dentro do pacto e devem ser batizadas (At 2:38 e 39; 1 Co 7:14; Lc 18:16; Cl 2;11 e 12).

Uso correto do Sacramento da Santa Ceia do Senhor na ITB e na IPOB:

É comum encontrarmos entre nós quem desconheça o que significa a Santa Ceia ou os proveitos de participar da mesa do Senhor. João Calvino define Sacramento como: “um sinal externo pelo qual o Senhor nos apresenta e testifica a sua boa vontade para conosco, a fim de nos sustentar na fraqueza de nossa fé. [...] um testemunho da graça de Deus declarada através de um sinal externo.”

Então, a partir de uma visão correta do que são os sacramentos, é possível perceber que a participação neles exige graça e fé dos participantes. Portanto, os sacramentos são exercícios da fé, diante de nosso Pai celestial e dos homens, confirmando as promessas de Deus. Essas promessas são declaradas pela Palavra de Deus, daí a necessidade de que esses Sacramentos sejam precedidos pela pregação da Palavra, a fim de que sejam conhecidas as promessas e aplicadas a nossas vidas pelo Espírito Santo. Quando recebemos as promessas pela pregação, somos incitados a dar altos louvores a Deus e testemunho diante dos homens. Ao participar da Ceia, pense em um programa de aprendizado com a Ceia.

1º Exercício: Memória – Lembre-se dos atos redentivos de Deus. (Leia o Salmo 78 antes de participar do culto de Santa Ceia Assim, você poderá considerar os atos redentivos de Deus na história de seu povo escolhido). A história da redenção encontra seu ápice na encarnação, morte e ressureição de Cristo. Portanto, para uma participação correta no Sacramento da Ceia, é importante que o cristão tenha em mente, de forma clara, o significado da morte e ressureição de Cristo, bem como a compreensão do calvário como o resultado dela.

2º Exercício: Perdão – Na pergunta 171 do Catecismo Maior de Westminster, encontramos diretrizes sobre como proceder perdoando na Ceia. “171. Os que recebem o sacramento da Ceia do Senhor, como devem preparar-se para o receber? Os que recebem o sacramento da Ceia do Senhor devem preparar-se para o receber, examinando-se a si mesmos, se estão em Cristo, a respeito de seus pecados e necessidades, da verdade e medida de seu conhecimento, fé, arrependimento e amor para com Deus e para com os irmãos; da caridade para com todos os homens, perdoando aos que lhes têm feito mal; de seus desejos de ter Cristo e de sua nova obediência, renovando o exercício destas graças pela meditação séria e pela oração fervorosa.” Ou seja, devemos exercer o perdão, a exemplo de como fomos perdoados em Cristo. Isso porque, além de recebermos o perdão de nossos pecados, somos instruídos a perdoar.

3º Exercício: Gratidão – Dar graças deve ser a atitude do coração restaurado por Deus. Quando experimentamos o amor de Deus em Cristo, somos inundados de verdadeira gratidão, e podemos declarar da mesma maneira que o salmista: “Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo,” Salmos 92:1. Fomos criados para louvar a Deus, assim, as ações de graças devem permear nossa vida, e a Ceia é um momento de louvor ao nosso Deus.

4º Exercício: Fortalecimento – Como Trinitarianos, cremos que na Santa Ceia a fé do comungante é alimentada de maneira espiritual. Desse modo, a fé é um elemento indispensável para aqueles que desejam ser verdadeiramente alimentados por esse sacramento, que devem fazê-lo se apropriando das promessas nas Escrituras.

5º Exercício: Capacitação – A Santa Ceia aponta nossa união mística com Cristo e, portanto, com seu “corpo” - a igreja. Na Ceia somos chamados a exercer a edificação do corpo, desempenhando nossos talentos e dons para o crescimento uns dos outros, em Cristo. Quando compreendemos que estamos ligados ao corpo por meio da obra redentiva de Cristo, tomamos consciência do nosso papel para o desempenho do corpo, deixamos de ser inertes, e passamos a agir para a edificação uns dos outros.

6º Exercício: Esperança – Ao participarmos da Ceia, devemos nos lembrar que nosso Senhor ressurreto está à destra de Deus Pai, que há de vir para julgar os vivos e os mortos. Por isso é que aguardamos esse retorno. E que na celebração da Ceia experimentamos um vislumbre do que haveremos de experimentar “Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram.”1 Tessalonicenses 4:14.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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O Pacto (Aliança Eterna); de Deus com o Seu Povo Eleito.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

O Pacto (Aliança Eterna); de Deus com o Seu Povo Eleito.

Duas breves considerações da teologia do pacto:  A e B.

A - UM POVO SÓ:

Existe, e sempre tem existido, apenas um povo de Deus. Israel era a Igreja do Velho Testamento, e a Igreja é Israel no Novo Testamento. Apenas um povo escolhido e sua formação histórica.

B - DOIS PACTOS:

Deus projetou a história da salvação em dois pactos.

1 - O pacto das obras.

O pacto das obras prometia a vida, se eles fossem obedientes. Porém punia com a morte se desobedecessem. Adão quebrou sua aliança com Deus ao transgredir o único mandamento que havia recebido. Este foi o primeiro pacto.

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2:16,17 - ACF).

2 - O pacto da Graça.

Jesus nasceu, obedeceu integralmente ao Deus Pai e instaura o novo pacto. O pacto que salva pela graça mediante a fé.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; (Efésios 2:8,9 - ACF).

Vamos aprofundar um pouco mais, para que fique bem clara; a relevância de compreendermos o pacto (aliança eterna); de Deus com seus eleitos e eleitas e o que isso representa para nós (igreja de Cristo) nos dias de hoje!!!

A Teologia do Pacto goza de inteira aceitação entre a grande maioria dos teólogos desde muito cedo na história cristã, ela não é uma invenção moderna. O primeiro pensador a tratar sobre isso foi Agostinho de Hipona. Ele que esclareceu biblicamente o que seria o pacto de Deus com o homem. Desde então há muitos documentos da história da Igreja que comentam sobre esse ensino. A doutrina pactual é usada na CFW. (Confissão de Fé de Westminster) (1646), na Declaração de Savoy (1658), de Londres, e na Confissão Batista Particular de 1689. Esta doutrina ensina que Deus administra a Aliança da graça de diferentes formas durante a história. Vamos olhar agora a CFW. Confissão de Fé de Westminster.

DO PACTO DE DEUS COM O HOMEM:

- Confissão de Fé de Westminster capítulo VII:

I. Tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência como seu Criador, nunca poderiam fruir nada dele, como bem-aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária condescendência da parte de Deus, a qual agradou-lhe expressar por meio de um pacto.

II. O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e, nele, à sua posteridade, sob a condição de perfeita e pessoal obediência.

III. Tendo-se o homem tornado, pela sua queda, incapaz de ter vida por meio deste pacto, o Senhor dignou-se a fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça; neste pacto da graça ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação através de Jesus Cristo, exigindo deles a fé, para que sejam salvos, e prometendo o seu Santo Espírito a todos os que estão ordenados para a vida, a fim de dispô-los e habilitá-los a crer.

Se a primeira aliança se constituía numa relação entre Deus e o homem na qual Adão deveria cumprir uma única regra: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sendo que o descumprimento traria a morte para si. A bênção estava na obediência e a maldição na desobediência.

A aliança com Adão falhou, mas a aliança da Graça é infalível. Cristo morreu para tornar nossa Salvação uma realidade incontestável, uma aliança eterna. Ele foi capaz de cumprir o pacto por mim e por você, nos ligando novamente a Deus e nos fazendo dignos de sermos chamados filhos de Deus.

Depois da falha de Adão e Eva não resta mais nenhum meio de salvação a não ser a confiança nos méritos de Jesus, o Filho de Deus, como nosso Salvador. Desta forma, em Cristo a Igreja torna-se o novo Israel e o Povo Santo no Novo testamento, pois não há mais divisão entre gentio e judeu. Como lemos:

Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. (Gálatas 3:28 – ACF).

O pacto das obras, estava embasado no princípio de "cumpra sua parte no contrato e viverás". A única condição a ser satisfeita era a obediência simples de uma ordem simples: "não coma da árvore proibida".  No caso, o primeiro pacto é considerado como um trabalho, um esforço. Então se Adão houvesse mantido a ordem, e não desobedecesse, seria mérito dele, era seu esforço adquirindo a promessa, seu trabalho sendo recompensado. De fato, Adão falhou miseravelmente, advindo daí a necessidade de um novo pacto.

Então temos o sublime Pacto da Graça, ele é progressivo e podemos enxergar dentro dele alianças. Vamos vê-las surgindo gradativamente das Escrituras. Estas alianças são modos de Deus administrar sua graça salvadora, são formas diferentes do mesmo grande Pacto da Graça. Percebemos primeiramente 4 Alianças dentro do Pacto da Graça, três no Antigo Testamento e uma no Novo Aliança com Noé, Aliança com Abraão, Aliança da Lei. Percebemos que depois destas se dará a conhecer uma aliança permanente, preparada desde a eternidade. Esta última chamar-se-á Aliança da Graça e confirmada no Novo Testamento.

O Senhor nos provê salvação sob a forma de uma aliança que procede exclusivamente da graça incondicional de Deus. Esta aliança alcança os salvos depois do advento de Cristo, como os que nasceram antes, como Noé, Abraão e Moisés. Todo homem que foi, é ou será salvo, o será mediante a graça divina.

E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. (Hebreus 9:15 – ACF).

AS TRÊS ALIANÇAS:

Voltando a Gênesis tomamos conhecimento de três alianças: a primeira feita com Adão, chamada de aliança Adâmica em Gn. 3.14-19, promete um redentor que nasceria do ventre da mulher. Outra feita com Noé, Aliança Noética, registrada em Gn. 6.17-22; Gn. 8.20-22; Gn. 9.1-7 e Gn. 9.8-17. Aliança Abraâmica, registrada em Gn. 15.18 e Gn. 17.2, ligadas com a promessa de Gn. 12.1-3. Todas as três primeiras registradas em Gênesis. Nos livros de Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio percebemos mais uma aliança, a quarta: a Aliança do Sinai. Falaremos dela logo adiante.

É importante notar que essas 4 alianças são em essência participantes do mesmo Pacto da Graça que estamos estudando. Elas são apenas um modo de Deus reafirmar o Pacto de Gênesis com Adão e Eva.

E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gênesis 3:15 – ACF).

Embora não compreendessem perfeitamente, os santos do AT. (Antigo Testamento); eram salvos pelo Sangue do Cordeiro que havia sido morto antes da fundação do mundo (I Pedro 1.20). Este cordeiro (o filho de Deus, Jesus Cristo); havia sido profetizado em Gênesis 3.15.

Mais adiante veremos que Noé fora salvo pela graça, por meio da fé (Hebreus 11.7). Abraão também fora salvo mediante a sua fé, que lhe havia sido imputada por justiça (Gênesis 15.6). A justificação pela fé é o cerne do pacto da nova aliança; vamos agora a aliança Sinaítica.

ALIANÇA DO SINAI:

Este foi um pacto instituído por Deus com Moisés no Monte Sinai, quando Deus entregou-lhe a Lei. A Lei já existia, ou seja, seu princípio já estava vigorando desde a criação de Adão e Eva. Não matar, não roubar, não blasfemar, o dia do descanso, tudo isso foi posto na relação entre Deus e o homem. Porém no Sinai a Lei veio para marcar o território do pecado, para que ele pudesse mostrar toda a sua malignidade e também para mostrar ao homem a sua total incapacidade de salvar-se a si mesmo.

Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. (Romanos 3:20 – ACF).

A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo 18, divide esses aspectos em lei moral, civil e cerimonial.

1 - Lei Civil ou Judicial –

Representa a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel; por exemplo, define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

2 - Lei Religiosa ou Cerimonial –

Representa a legislação levítica do Velho Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.

3 - Lei Moral –

Representa a vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao seu comportamento e aos seus principais deveres.

A NOVA ALIANÇA:

A “Nova Aliança”, é representada pela palavra grega “kainós” é usada para "nova", cujo sentido é de renovado. Desta forma o Novo Testamento renova o pacto de maneira perfeita e definitiva. Todos os pactos do Antigo Testamento estão total e cabalmente incluídos e cumpridos pela Nova Aliança.

Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados. (Jeremias 31:31-34 – ACF).

A Nova Aliança (Jeremias 31.31-34) é um pacto que abrange toda a humanidade, mas que primeiro foi pronunciado para um povo, o povo de Israel. Na Nova Aliança, Deus promete perdoar os pecados, e nos livrar da morte eterna. Agora que estamos sob a Nova Aliança, tanto os judeus quanto os gentios podem ser livres da condenação.

Podemos dizer que Cristo resume e cumpre todas as alianças em si mesmo, fazendo tudo aquilo que Adão nunca pode fazer. A doutrina do Pacto abrange, amarra e explica todo o projeto de Deus para o homem e sua graça e bondade em nos salvar de nossos pecados. Ela une Antigo e Novo Testamento num único e magnífico bloco sagrado. Precisamos manter esta doutrina em nossa mente e coração, para sermos gratos a Deus por tão grande e imerecida salvação.

Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim. Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós.  (2 Coríntios 1:19,20 – ACF).

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.

domingo, 21 de agosto de 2022

 

Como surgiu a nefasta e pervertida heresia pentecostal no Brasil.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Vejam o relato abaixo. Trata-se de uma carta escrita por um líder da Primeira Igreja Batista em Belém do Pará e publicada em O Jornal Batista de 20 de julho de 1911. A carta mostra os danos que dois falsos mestres pentecostais, (Daniel Berg e Gunnar Vingren); causaram àquela igreja há mais de cem anos.

Prezado irmão e relator, como sabeis pela correspondência do irmão João Jorge de Oliveira, inserida no número de 20 de abril do corrente, na ausência de nosso mui estimado irmão missionário Eurico A. Nelson, ficou o abaixo assinado como encarregado do trabalho de evangelização desta igreja e da do Castanhal.

Devo dizer-vos que os cultos internos e externos desta igreja iam sempre em progresso, pois eram bem frequentados e com bastante atenção; e sem que houvesse oposição de pessoa alguma, a igreja trabalhava em perfeita paz com Deus. Porém, pela experiência de dezoito séculos pela qual tem passado a igreja do Senhor, sabemos que exatamente quando elas vão mais prósperas é que Satanás se introduz manhosa e sorrateiramente dentro delas procurando aniquilá-las.

Deveras o último assalto que Satanás fez à igreja do Senhor aqui foi o mais astuto e perigoso de todos. O caso é que há uns cinco meses, chegaram aqui, da América do Norte, dois homens suecos (Daniel Berg e Gunnar Vingren); que se diziam mensageiros do evangelho; e antes de bem conhecermos tais pessoas conseguiram elas, captar a simpatia dos irmãos J. J. de Oliveira e Eurico A. Nelson, apresentando-se-lhes muito desejosos de trabalharem para o progresso da causa do Senhor neste lugar.

Na sua boa-fé, os ditos irmãos Oliveira e Nelson apresentaram os tais indivíduos à igreja que, naturalmente, com tão boa apresentação, logo os recebeu sob a condição de eles trazerem as cartas demissórias das igrejas a que pertenciam, cartas que, afinal, nunca chegaram.

(Os mesmos haviam sido expulsos da Igreja Batista dos Estados Unidos); logo que estes homens começaram a falar o nosso idioma, começaram a vender Bíblias e, de casa em casa dos crentes, iam fazendo “orações”, lendo alguns trechos da Bíblia concernentes ao dia de Pentecostes, a Cornélio, etc...

Pediam também que os crentes se unissem em “oração” com eles assim que acabava o culto público, etc... Com estas e outras artimanhas foram ganhando os corações de muitos crentes, como fizera o príncipe Absalão (2Sm 15).

Começaram também a reunir-se em casa de uma irmã cujo marido é marítimo, não se achando em casa. Depois de cinco dias de orações e jejuns correu rapidamente a notícia de que aquela irmã havia sido batizada com o Espírito Santo e com fogo do céu e que, como prova, lhe tinha sido concedido o dom de falar diversas línguas.

Sendo isto para nós muito estranho, logo depois do nosso culto de quinta-feira, 8 do corrente, dirigimo-nos, eu e diversos irmãos, para o bairro da cidade velha onde mora a referida irmã e, ao entrarmos em sua casa, fiquei deveras surpreendido como em tempo nenhum! Vi aquela irmã, que é brasileira, tendo os joelhos no soalho, as mãos postas na fronte bem erguida e olhos fechados, articulando com rapidez sons que ninguém podia harmonizar e entender, nem sabemos se aquilo era qualquer linguagem.

Na mesma ocasião, muitos outros de joelhos, choravam uns, outros oravam, outros cantavam e outros liam. De repente uma irmã começou a tremer, como se sofresse de maleitas, a gemer até que ficou sem sentidos; seguindo-se a esta crise outra, na qual ora cantava hinos, ora modinhas, inclusive o tango.

A este momento diziam, suscitara-se um debate entre os dois espíritos que tomavam conta das pessoas; a primeira pessoa que tinha o espírito dizia que tinha o dom de discernir espíritos e por isso conhecia que o outro espírito era o de Belzebu; enquanto a outra respondia, ora dizendo que era mesmo o espírito de Lúcifer, ora que era de Cristo. Esta cena revoltante durou três horas; depois do que cada um foi para sua casa. Creio que, como eu, muitos do que comigo a presenciaram não dormiram naquela noite.

No dia seguinte houve um culto externo, onde por mandado de um dos tais doutrinadores, um espírito se manifestou numa das duas pessoas mencionadas. Fiquei deveras envergonhado de semelhante escândalo público; mas não me achei com coragem de me opor para não fazer ainda maior confusão aos incrédulos. Logo que o culto findou eles convidaram uns crentes para o templo de nossa igreja. O que então se deu é indescritível.

As quatro pessoas possuídas cantavam, riam, choravam. Todos os outros irmãos que se achavam presentes sofriam uma agonia terrível. Até que não pude suportar mais; levantei-me e fiz sinal de silêncio e comecei a falar aos crentes sobre os falsos sinais que haveria nos últimos tempos; porém as pessoas possuídas fizeram uma balbúrdia tamanha em cima de mim que por mais que eu gritasse elas mais gritavam; e como não me fosse possível fazer sobressair a minha voz, fui forçado a calar-me e aconselhar aos crentes a se retirarem, no que alguns me atenderam.

No dia seguinte, eu e outro irmão, como não sabíamos notícias do irmão Nelson, passamos telegrama para o irmão J. J. de Oliveira e para o irmão pastor do Maranhão, pedindo providências urgentes. Fui nesse mesmo dia à tarde fazer a pregação na igreja do Castanhal; e voltei no domingo de manhã para pregar aqui na igreja; e tanto na pregação da manhã como na da noite fui rebatido por um adepto da tal heresia pentecostal.

Esta doutrina diabólica ia se alastrando rapidamente e vi que em poucos dias, se não tomássemos posição de verdadeiros crentes batistas, ficaríamos sem igreja batista na capital. Terça-feira 13 do corrente, depois do culto de oração, convoquei a igreja em sessão extraordinária, na qual foram cortados todos quantos se manifestaram adeptos da heresia pentecostal, sendo o número total dos eliminados 17.

Como estamos em tempos trabalhosos, combinei com a igreja termos uma série de conferências e orações que terminaram ontem, as quais, embora pouco concorridas, deram bons resultados. Os crentes se acham novamente prontos para o trabalho.

Sem outro assunto peço a todos os amados do Senhor as suas orações por nós aqui. Vosso irmão na fé, Raymundo P. Nobre. Belém, 19-6-1911. Caixa 361.

Devemos ter muito cuidado com os falsos mestres (pentecostais, neopentecostais, católicos carismáticos); como os dois hereges apresentados na carta do pastor batista, muitos em nossos dias, adentram às igrejas (Bíblicas); reformadas se dizendo mestres e doutores! E logo buscam lugar nos púlpitos e no coração de nossos irmãos, afim de colocarem o fardo de satanás sobre os ombros da noiva imaculada de Cristo, ou seja, tentam a todo custo impregnar às falsas doutrinas pentecostais, neopentecostais, arminianas, pelagianas, semi-pelagianas, amiraldianas, sabelianas, gnósticas e outras desgraças de mesma ordem, nas igrejas reformadas e Bíblicas.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.

Os Trinitarianos e Presbiterianos Ortodoxos, não querem e não apoiam uma "teocracia" (arminiana, pentecostal / neopentecostal); "dita cristã" no Brasil !!!

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
Bandeira do Estado Teocrático do Vaticano.

A uniformidade de pensamento é um desejo buscado, consciente ou inconscientemente, por todos nós. Por mais "tolerantes" que sejamos, sempre há um segmento ideológico que é visto como "inimigo" e pelo qual não nutrimos simpatia. Como não é possível forçar todos a pensarem de modo agradável a nós, o pluralismo acaba se impondo não como o ideal de todos, mas antes como a melhor alternativa possível, superior à guerra e à violência. Melhor conviver com o diferente do que tentar exterminá-lo. Contudo, a tentativa de impor um pensamento único sempre seduz parcelas significativas da sociedade.

A História está cheia de exemplos, desde o nazismo alemão até o comunismo soviético, incluindo-se aí o fundamentalismo islâmico e até mesmo experiências puritanas de criar colônias nos Estados Unidos onde haveria uma única religião. O totalitarismo é uma tentação que não respeita nenhum tipo de fronteira. Ao meu ver, é esse tipo de tentação que leva cristãos de várias matizes a defenderem uma teocracia cristã. Na verdade, já há proposta para criar o Partido Republicano Teocrata Cristão (PRTC). O objetivo expresso é o de promover a "adequação de todas as leis da nação às leis bíblicas", inclusive com apoio de muitos blogueiros, lideranças e igrejas calvinistas. Esse tipo de movimento é uma reação à aprovação e discussão de leis que ferem os princípios da Bíblia. Contudo, esse fato exige uma discussão. Afinal, a teocracia cristã é o caminho que a própria Bíblia ensina para fazer valer o reino de Deus?

A necessidade da liberdade religiosa!!!

Creio que a primeira coisa que deve ser analisada é a questão da liberdade religiosa. O sonho oculto de muitos segmentos, desde o mais tradicional dos reformados até o mais esotérico pentecostal-neopentecostal, é o de ver todos seguirem uma mesma fé, tendo a Bíblia formalmente reconhecida como estando acima de qualquer outra lei. Na verdade, muitos evangélicos não querem esperar pelo dia em que Jesus Cristo virá implantar seu Reino...querem vê-lo aqui, de modo visível, já! A separação entre Igreja e Estado não é mais vista como uma conquista que foi essencial para garantir a sobrevivência dos evangélicos em sociedades católicas. Agora, o sonho de muitos é ver as igrejas evangélicas comandando o Estado e impondo a sua agenda e pensamento a todos (Um tipo de inquisição evangélica).

Contudo, Jesus Cristo nunca exigiu a conversão de todos os seus ouvintes aos seus ensinamentos. É interessante notar que Jesus não protesta porque ninguém proíbe os fariseus de ensinar ou porque o ensino pagão era tolerado pelo Estado romano.

A arma usada por Jesus em seu ministério era a pregação da Palavra. Era por meio da persuasão, da oratória e dos debates que o Senhor esperava ganhar o coração dos ouvintes. Cristo nunca questionou porque o Estado romano não dava apoio ao seu sistema de fé.

O mesmo pode ser dito dos apóstolos. Eles são sempre retratados como sendo perseguidos por judeus ou pagãos, mas nunca como perseguidores (Tipo deputados senadores e alguns líderes evangélicos atuais); daqueles que anunciam outra fé. Isso é evidenciado em Atos 19, quando os pagãos de Éfeso se revoltam contra a pregação de Paulo:

Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram.

Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios! Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. (Atos 19:24-29); O tumulto é encerrado pelo escrivão de Éfeso, que apazigua a multidão afirmando o seguinte: porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrílegos, nem blasfemam contra a nossa deusa. (Atos 19:37). É muito interessante notar isso no Novo Testamento. O desejo dos cristãos é o de terem liberdade para pregar a Palavra sem correrem o risco de serem presos. São os outros...os judeus e os pagãos quem buscam usar o Estado para prender os cristãos e impedir a disseminação da fé cristã. Os discípulos não cometiam sacrilégios nem blasfemavam contra Diana, embora deixassem claro que ela não era uma deusa de fato. Isso mostra uma busca pela liberdade religiosa, e não pela uniformidade religiosa.

Igreja e Estado são esferas distintas.

Por que nem Jesus e nem os apóstolos reivindicam o apoio do Estado para a pregação evangélica? Uma das razões é dada pelo próprio Cristo: dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Convém aqui reler essa história: Naquela mesma hora, os escribas e os principais sacerdotes procuravam alcançar-lhes as mãos, pois perceberam que, em referência a eles, dissera esta parábola; mas temiam o povo. Observando-o, subornaram emissários que se fingiam de justos para verem se o apanhavam em alguma palavra, a fim de entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador. Então, o consultaram, dizendo:

Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente e não te deixas levar de respeitos humanos, porém ensinas o caminho de Deus segundo a verdade; é lícito pagar tributo a César ou não? Mas Jesus, percebendo-lhes o ardil, respondeu: Mostrai-me um denário. De quem é a efígie e a inscrição? Prontamente disseram: De César. Então, lhes recomendou Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, admirados da sua resposta, calaram-se. (Lucas 20:19-26).

O ardil era esse: se Jesus dissesse que o imposto deveria ser pago, então Ele se colocava ao lado dos romanos e desagradava aos judeus. Se dissesse que não deveria ser pago, então os judeus se agradariam, mas Jesus poderia ser acusado diante dos romanos. O Mestre evita a resposta, ensinando que o povo deve dar a César o que é de César (respeito às leis, pagamento de impostos e etc...) e a Deus o que é de Deus (fé, adoração, devoção, o controle da vida pessoal e etc...). Embora a separação entre o Estado e a Igreja seja um conceito posterior, creio que ele pode ser reconhecido aqui. Jesus não ensina que o Estado não deve obediência alguma a Deus.

Afinal, o reino dos céus engloba todas as coisas, inclusive sim os governos. Mas isso não significa que tudo deva ser misturado. Há sim distinções muito claras. Por exemplo, não cabe a Igreja decidir qual o melhor sistema de arrecadação tributária ou se um país deve ou não ter relações diplomáticas com outro. Os cristãos podem opinar sobre isso, mas a decisão pertence ao Estado, o qual, por sua vez, não deve decidir se a doutrina calvinista da predestinação é ou não correta. César é César, Deus é Deus. Sei que aqui eu perdi o apoio de quase todos os hiper-calvinistas... afinal, a Confissão de Fé de Westminster, documento ícone da fé reformada, foi feita em um concílio convocado pelo Estado inglês. Contudo, não há base no Novo Testamento para que o Estado se envolva neste tipo de decisão. Esta não é uma questão de Governo Humano, e sim de fé.

A natureza do Reino de Deus.

Talvez muitos pensem que as ideias acima expostas ferem o ensino bíblico sobre o reino de Deus. Ele não é o Senhor de todas as coisas? A recusa dos homens em obedecê-Lo não é um pecado? Sim e sim, digo eu. Mas daí a querermos forçar o Estado a adotar leis bíblicas vai uma grande diferença. Por quê? Ora, por causa da natureza presente do reino de Deus? Observe o que diz Jesus no momento em que ele é preso, como narrado em Mateus 26:51-54. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha. Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada a espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?

Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder? Repare que a espada não foi usada de modo arbitrário pelo apóstolo Pedro. Jesus estava para ser preso, uma turba com espadas e porretes ameaçava os apóstolos. Pedro quis apenas defender o seu Mestre. Mas Jesus reprovou essa atitude. Quem lança mão da espada (violência) perecerá por causa dela. Se o Cristo de Deus; quisesse, poderia rogar ao Pai para ter a defesa de anjos. Porém, a espada angelical não era o caminho de defesa do reino de Deus. Essa mesma ideia é repetida por Jesus quando ele é confrontado por Pilatos em João 18:33-37.

Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou tô disseram outros a meu respeito? Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

A violência e a coerção não irão promover o reino de Deus, que só se manifestará de modo plenamente visível neste mundo quando Cristo voltar. Por isso Jesus diz que seu reino não é terreno: não há exércitos ou ministros para defendê-lo. O objetivo de Jesus era o de dar testemunho da verdade.

A testemunha busca convencer, mas quem pode impor a sentença é o Juiz. E a vinda de Cristo como Juiz está no futuro. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus. (1 Pedro 4:4-6). Chegará sim o dia em que a verdade será manifesta e todos serão julgados, o dia em que todo aquele que rejeitou a Cristo sofrerá a pena por sua rebeldia. Mas, até lá...o dever da igreja não é o de antecipar a execução do juízo, mas sim o de testemunhar a favor da verdade. Testemunhar não é forçar ninguém a acreditar ou seguir, é tentar, da melhor forma possível, convencer os demais a crerem em nosso testemunho.

O mundo é incapaz de seguir a Deus.

Mas, de todos os argumentos, o melhor para combater a ideia de uma “teocracia cristã” é o primeiro ponto do calvinismo: a depravação total. Por esta doutrina, o homem é simplesmente incapaz de, voluntariamente, seguir a Deus. Se o ser humano não for alcançado pela graça de Cristo, servir a Deus é algo impossível a ele, mesmo que o Estado tente obrigá-lo: Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:5-8).

Ora, se os que estão seguindo o pendor (inclinação) da carne não podem estar sujeitos à lei de Deus e não são capazes de agradar a Deus, no que adiantaria criar uma teocracia cristã? Ela seria inútil! Não é isso que tornará o Brasil um país melhor. E isso se torna óbvio quando lemos o que a Bíblia diz sobre a lei de Deus:

Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. (Hebreus 7:18-19).

Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. (Hebreus 10:1).

A lei de Deus não tem o poder de aperfeiçoar as pessoas e, por extensão, a sociedade. O Brasil só será transformado por meio da salvação dos brasileiros, da criação de novos homens que nascem segundo Cristo Jesus e, voluntariamente, (Regenerados pelo Espírito santo); seguem a lei de Deus. Só que isso não é uma obra do homem, mas sim de Deus. Um novo ser humano é algo que só Cristo pode fazer: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (2 Coríntios 5:17).

Qual a solução?

Os cristãos trinitarianos, devem cruzar os braços e deixar o Estado aprovar leis que ferem a Bíblia? Não! De modo algum. Devemos lutar, nas ruas, no Congresso, na Internet, onde for preciso para influenciar o mundo a seguir o Evangelho.

Para influenciar, não para impor!!!

Creio que este é o modelo bíblico de conduta política para os cristãos. Homens como José, Daniel e Mordecai não tentaram convencer o Egito, a Babilônia e a Pérsia a adorarem ao Deus de Israel. Eles influenciaram impérios a se adequarem às leis de Deus por meio de seus comportamentos e atuações políticas. No caso de Daniel e seus amigos, além de Mordecai, vemos que foram decisivos para impedir que os judeus fossem forçados a idolatria ou que fossem massacrados pelos caprichos da nobreza. Foram instrumentos de Deus em impérios que, guardadas as proporções, eram sociedades “plurais”. Ao meu ver, o caminho continua sendo esse. O chamado de Deus para a Igreja é viver em um mundo plural e tentar influenciá-lo de todos os modos, mas sem impor a sua vontade. O objetivo dos cristãos é convencer a sociedade a obedecer a Deus...e não o de obrigá-la a fazer isso.

Os cristãos precisam entender que este mundo não é perfeito. (Ele é 100% Depravado conforme Calvino); nossas decisões políticas, econômicas e sociais devem levar em conta as imperfeições do estado atual da criação: por isso é que existem policiais, soldados, leis penais e democracia. Seria ótimo viver em um planeta onde todos seguem a Deus! Mas isso não vai acontecer até Jesus voltar. Então, não adianta forçar o caminho nessa direção pois é um esforço infrutífero em si mesmo. Precisamos aceitar o mundo como Deus quis que Ele fosse. E, para isso, é necessário aprender a conviver com os diferentes. Não há caminho melhor do que um onde exista liberdade de religião, de pensamento e de expressão. Não há caminho melhor do que o enfrentamento democrático e pacífico. Se, pela democracia, o Brasil escolher servir a Deus, ótimo! Mas, mesmo assim...as liberdades precisariam ser garantidas.

Que possamos refletir no ensino bíblico de Romanos 14:12. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Que assim seja. Amém! Soli Deo Gloria.
Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
Ao utilizar este texto! observe as normas acadêmicas, ou seja, cite o autor e o tradutor, bem como, o link de sua fonte original.

 

O CRISTO DO ARMINIANISMO VS. O CRISTO DA BÍBLIA – Arminianos e Calvinistas são irmãos na fé?

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Antes de começar, devo lembrar o leitor de que quando falo de “Calvinismo Vs. Arminianismo” eu estou me limitando ao seu sentido original e histórico, isto é, apenas ao que diz respeito à doutrina da salvação (soteriologia) e como ela funciona nos desígnios de Deus. Refiro-me ao Calvinismo tendo em vista somente os Cinco Pontos do Calvinismo, e não a tradição conhecida como “Reforma Protestante”, a qual engloba não somente a questão soteriológica, como também traz conceitos denominacionais que não estão de acordo com a Bíblia. Esses termos técnicos são inevitáveis para tratar do assunto “Predestinação Vs. Livre Arbítrio”, e, portanto, é a única forma de ensinar o leitor como Deus predestina Seus santos escolhidos à salvação e os perdidos à condenação.

A LÓGICA NOS DIZ QUE ARMINIANOS E CALVINISTAS NÃO SÃO IRMÃOS NA FÉ.

Existe um princípio imutável chamado Lógica. Esse princípio tem me acompanhado desde que conheci a Palavra de Deus, e tem sido meu escudo contra o sincretismo e ecumenismo religioso até aqui. A Lógica é, por definição, um gatilho bíblico que nos protege de proposições contraditórias e sofismas religiosos. Em suma, a Lógica se trata do raciocínio que se pauta na dedução, e este raciocínio é composto basicamente por duas premissas ou proposições (maior e menor), a partir das quais se alcança uma conclusão. Por exemplo: "Todos os homens são mortais. Frederico é homem. Logo, Frederico é mortal”. Se eu mudar uma das duas premissas que concluem que Frederico é mortal, a conclusão da mortalidade de Frederico estará errada. Ou seja, segundo a lógica, para que se afirme que Frederico é mortal em conformidade com uma premissa maior e menor, é obrigatoriamente necessário que (1) todos os homens sejam mortais e que (2) Frederico seja homem. Conclusão: Frederico é mortal.

Uma premissa errada leva a conclusões obviamente errôneas. Não se pode elaborar um silogismo básico e coerente quando as premissas de um determinado conceito não coadunam com a conclusão final. E é por isso que hoje eu irei dar uma breve explicação sobre a razão pela qual arminianos e calvinistas não são irmãos na fé e jamais poderiam ser. Quando quero dar uma resposta rápida, eu simplesmente digo que os arminianos servem a um deus estranho à Bíblia, e não ao Deus das Escrituras. Simples assim! Mas, a mera afirmação da minha parte não é o bastante para provar uma premissa e estabelecer uma conclusão. Isso é típico de analfabetos funcionais quando querem provar alguma ideia por meio da mera repetição de uma ideologia.

Portanto, tecerei abaixo dois princípios básicos, porém distintos, fáceis de se entender. Minha intenção neste artigo é mostrar o quanto a Igreja necessita de uma atenção urgente em relação ao “Jugo Desigual”, onde arminianos e calvinistas têm andado de mãos dadas e se ajuntado numa perversão doutrinária em massa, invalidando a Palavra de Deus e provocando danos irreversíveis à ortodoxia cristã.

1. O CRISTO DO ARMINIANISMO:

● O Cristo do Arminianismo ama a todas as pessoas do mundo e deseja que todas elas sejam salvas.

● Ele pagou pelos pecados de todos os homens, sem exceção, e faz tudo que está ao seu alcance a fim de convencer os ímpios a se converterem. Todavia, sua oferta aos pecadores e seu poder de salvar são, na maioria das vezes, frustrados. Por que? Porque a maioria dos ímpios dizem “Não” ao seu chamado e se negam a vir até ele.

● Seu poder é limitado e seu sacrifício na cruz foi em vão, pois os pecadores receberam desse "deus" um dom chamado “livre arbítrio”, com o qual o homem decide, por si mesmo, ir ou não em direção a Cristo para se entregar a ele. O “livre arbítrio” do homem não pode ser violado por Cristo e o homem é quem decide se aceita ou não servir a ele.

● O Cristo do Arminianismo morreu na cruz por todo o mundo, isto é, por cada indivíduo da humanidade, sem exceção. Com isso, ele estabeleceu a possibilidade de salvação para todos, dando a oportunidade do homem escolher ser salvo ou não pelo sangue derramado no madeiro. Sua morte na cruz não fora suficiente para salvar os escolhidos de Deus. Seu sacrifício depende inteiramente da escolha do homem em se converter de seus pecados ou não. Sendo assim, muitos homens pelos quais Cristo morreu irão para o inferno.

● Esse Cristo débil, impotente e frustrado perde a muitos pelos quais ele morreu e “salvou”, visto que os tais abandonam a “fé” por si mesmos. Deste modo, quando Cristo os convence de que são verdadeiramente “salvos” e lhes implanta a “certeza da salvação”, esta segurança não está alicerçada na vontade soberana de Deus ou em Seu poder inesgotável, mas na escolha humana, quando o homem aceita Jesus em seu coração (e haja apelos carismáticos para convencer um pecador a “aceitar” esse falso cristo).

2. O CRISTO DA BÍBLIA.

● Esse é o Cristo do Calvinismo (Pesquisar sobre os Cinco Pontos do Calvinismo). Ele veementemente ama somente aos que lhe pertencem, os quais Deus escolheu incondicionalmente para a vida eterna, antes mesmo da fundação do mundo (Ef 1.4). Ele jamais sequer orou pelos réprobos e deixou isso muito bem registrado (Jo 17.9), visto que o amor do Pai não recai, em nenhum nível ou aspecto, sobre os que foram predestinados à perdição. Antes, Sua ira sobre os tais permanece eternamente (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; Sl 92.5-7; Pv 3.33; Pv 24.16; Ml 1.2-4; Hc 1.13; Jo 17.9; Jo 3.36; 13.1; Rm 9.13; 1Pe 3.12; Ef 1.4,9,11; Rm 8.30; 2Tm 1.9; 1Ts 5.9; Rm 9.11-16; Ef. 1.19; 2.8-9; Jd 1).

● Deus, por meio do Espírito Santo, eficazmente chama os Seus eleitos de modo que, por meio da vocação a eles concedida, não podem resistir por si mesmos e certamente se converterão.  Antes que o mundo fosse criado, Deus escolheu e predestinou os Seus à salvação. Ele não fez qualquer uma dessas escolhas com base em Sua onisciência ou porque previu fé em tais homens, mas os escolheu segundo o Seu eterno e imutável propósito, conforme Seu santo conselho e beneplácito de Sua vontade, de acordo com Sua graça única [e não múltipla]. Esse Deus, o único Deus, não se baseou em nenhuma fé prevista ou em alguma boa obra humana para salvar os Seus escolhidos, nem por qualquer outra característica na criatura que pudesse movê-Lo como condição para salvá-los (Ef 1.4, 9, 11; Rm 8.30; 2Tm. 1.9; 1Ts, 5.9; Rm 9.11-16; Ef 1.19: e 2.8-9).

● Ele não somente ama Seus escolhidos incondicionalmente, como também os “leva pela orelha”, não importando se eles querem ou não ser salvos. Ele os preserva por meio da disciplina, de modo que nenhuma de Suas ovelhas podem decair da graça que uma vez foi dada aos santos. Nenhuma de Suas ovelhas pode se perder ou ser arrebatada de Suas mãos (Jo 10.28). Ainda que cometam pecados no curso de suas vidas, tais escolhidos de Cristo serão preservados pelo poder do Espírito Santo e perseverarão na genuína fé e doutrina até o fim. Pelo eterno e mui livre propósito da Sua vontade, Deus preordenou todos os meios conducentes a esse fim glorioso. Ou seja, os santos eleitos, tendo nascido escravos do pecado de Adão, são remidos por Cristo e presenteados pela verdadeira fé, por meio do Espírito e no devido tempo determinado por Deus. Por esta razão, os santos escolhidos de Deus são justificados, adotados, santificados e guardados por Cristo nesta fé imutável e eterna. Não há absolutamente ninguém além dos eleitos que seja remido, chamado de forma eficaz, justificado nos céus, adotado, santificado e glorificado por causa da salvação conquistada por Cristo na cruz do calvário (1Pe 1.2; Ef 1.4 e 2.10; 2Ts 2.13; 1Ts. 5.9-10; Tt 2.14; Rm 8.30; Ef 1.5; 1Pe 1.5; Jo 6.64-65; 17.9; Rm 8.28; 1Jo 2.19).

● Contrariando radicalmente o falso Cristo do Arminianismo, o Cristo da Bíblia soberanamente regenera o pecador eleito à margem de sua aceitação ou rejeição temporária. Visto que, sem a regeneração espiritual, o pecador está morto espiritualmente (Rm 3), o pecador jamais pode escolher a Cristo por si mesmo (Jo 6.65). A fé não é uma contribuição do homem para sua salvação. A fé não provém do coração do homem, mas é um dom recebido do alto. Não há nenhuma participação do homem nesse processo salifico. A salvação, bem como todos os frutos que dela procedem, é uma dádiva exclusiva de Deus, não do homem (Jo 3.3; 6.44,65; 15.16; Rm 9.16; Ef 2.1,8-10; Fp 1.29; Hb 12.2).

● O Deus da Bíblia concede misericórdia a quem Ele quer e a recusa a quem Ele quer. Cristo morreu somente pelos eleitos, conquistando eficazmente a salvação para todos aqueles por quem Ele morreu. Sua morte foi uma satisfação vicária, que poderosamente quitou a dívida de Seu povo eleito. Ele escolhe ou recusa Sua bondade como Lhe apraz, para a glória do Seu soberano poder sobre as suas criaturas. Com isto, o restante dos homens foi predestinado à perdição eterna, para louvor da gloriosa justiça de Deus, que não tem a obrigação de salvar ninguém, mas o fez por pura graça. Sem a Sua graça, nenhum homem seria salvo e todos caminhariam segundo sua própria inclinação para o mal (Rm 1.18-32; 3). A justiça de Deus requer que Ele não contemple os réprobos e os lance no inferno por causa de seus pecados (Mt 11.25-26; Rm 9.17-22; 2Tm. 2.20; Jd 1.4; 1Pe 2.8).

PREMISSA MAIOR:

Um é o Cristo do Arminianismo e o outro é o Cristo da Bíblia. Um é falso e o outro é verdadeiro. São dois cristos avaliados aqui, e ambos são completamente opostos. Se você está assustado com isso, saiba que a Bíblia diz que existem milhares deles (Mt 24.24; 1Co 8.5) e não somente dois ou três. Se, conforme apresentado pelo artigo, os dois cristos são tão radicalmente distintos, um deles tem de ser o verdadeiro: ou aquele que não possui sequer uma base bíblica sólida, ou Aquele que testifica cada uma das passagens da Escritura Sagrada, as quais foram aqui supracitadas.

PREMISSA MENOR:

A Bíblia expressamente diz que não se pode servir e amar a dois senhores. A Bíblia é enfática em dizer que você deve amar um e odiar o outro (Mt 6.24). Você certamente pode ter dois amigos, dois irmãos, dois carros, dois hobbies e até dois empregos. Mas a Escritura o proíbe categoricamente de servir a dois cristos. Ou você ama e serve a um, ou você ama e serve a outro. A palavra “Servo”, muitas vezes empregada de forma romantizada em nossas traduções bíblicas, significa literalmente “Escravo”. Ou você é escravo do verdadeiro Cristo ou é escravo do falso. A escravidão é absoluta e não permite sociedade com outros senhores. A escravidão exige tudo aquilo que lhe pertence — todo o seu tempo, toda a sua lealdade, todo o seu trabalho, todo o seu coração, toda a sua alma. Os cristãos professos dos nossos dias insistem em acreditar que estão servindo ao genuíno Cristo dando as mãos para os que servem ao falso cristo. E não somente isto: Os que insistem em servir a dois cristos chamam os seguidores do falso cristo de irmãos! O fato é que você pode até pensar que está sendo um cristão agindo assim; você pode achar que ama a Jesus porque “vai à igreja” regularmente e porque é apaixonado pelo evangelho que você criou com a sua própria mente; mas a sua prostituição não será ignorada no dia do juízo, visto que você pensa que pode andar com o Cristo da Bíblia e ter um pequeno caso com outro cristo – o falso cristo.

A Diferença entre Calvinismo e Arminianismo é ainda mais profunda que se pode parecer à primeira vista. Não é simplesmente questão de ênfase, mas de conteúdo. O calvinista crê em um Deus que realmente salva; enquanto o arminiano crê em um Deus que possibilita que o homem se salve. O calvinista crê em um Deus Pai que elege de fato; o arminiano crê em um Deus Pai que apenas ratifica a eleição que os homens farão sobre si mesmos. O calvinista crê em um Redentor que objetivamente redime pecadores; o arminiano crê em um redentor em potencial, que apenas viabiliza a redenção dos salvos. O calvinista crê em um Espírito Santo que chama soberana e eficazmente indivíduos; o arminiano crê em um Espírito Santo que apenas “persuade moralmente”, mas que pode ser resistido. O lema do calvinista é: “Seja feita a Tua vontade”. O lema central da seita arminiana é: "Levante-se e caminhe comigo, ó Criador; vou lhe mostrar o que eu quero".

CONCLUSÃO LÓGICA:

Arminianos e calvinistas não são irmãos. Jamais o poderiam ser. Eles não possuem a mesma fé. Eles não servem ao mesmo Cristo. Não há qualquer vínculo entre o Cristo da seita arminiana e o Cristo da Bíblia. Eu poderia falar sobre o cristo do Catolicismo Romano, do Espiritismo e de muitos outros milhares de cristos espalhados pelo mundo religioso. Todavia, não há, no atual século, um falso cristo que tenha enganado tanta gente como o cristo do arminianismo, com seu evangelho ardiloso e sagaz. Tenho plena convicção e afirmo com propriedade que, sem explanações como essas do artigo, a maioria das pessoas passaria a vida inteira sem notar a diferença entre um Cristo e outro. Tudo isso é resultado do sincretismo e ecumenismo religiosos que reinam soberanos em todo o mundo, em especial nas seitas denominacionais, onde o intento é adquirir membros para encherem seus templos luxuosos e cheios de adornos judaicos.

UM CHAMADO À SEPARAÇÃO:

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios 6.14-18).

Essa passagem se aplica – veementemente – a membros de seitas arminianas. Um “jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma seita arminiana ou pentecostal estão unidos em um compromisso oficial e em uma aliança com seus membros “irmãos”. Muitos de seus membros/irmãos não dão nenhuma evidência de terem nascido de novo. Eles podem acreditar em um “Deus Soberano”, mas qual o amor que eles têm pela soberania exaustiva de Deus? Qual é a sua relação com os eternos decretos de Deus? Eles simplesmente as negam. “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3).

Pode aqueles que devem o seu tudo a Cristo, tanto para o tempo presente quanto para a eternidade, ter comunhão com aqueles que desprezam e rejeitam ao Deus da Palavra? Portanto, que todo e qualquer leitor cristão que esteja em jugo desigual com arminianos saia debaixo dele sem demora.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

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