quinta-feira, 18 de agosto de 2022

 

O Que Significa Adotar a Confissão de Fé de Westminster / Charles Hodge - Parte II.

CHARLES HODGE (1797 – 1878) Teólogo presbiteriano e diretor do Seminário Teológico de Princeton. Ele foi um dos principais expoentes da Teologia de Princeton, uma tradição teológica calvinista ortodoxa na América durante o século XIX. As maiores contribuições de Hodge foram representar a fé reformada em seus 56 anos de ensino, treinar mais de 3.000 alunos do seminário e escrever livros de teologia lidos por milhões de crentes em todo o mundo.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

Não esperamos que nossos ministros adotem toda a declaração contida em nossas Normas. Isto eles não são obrigados a fazer. Mas é exigido que eles adotem o sistema; sistema que consiste de certas doutrinas; nenhuma pode ser suprimida sem destruir sua identidade. Estas doutrinas são: - a plena inspiração das Escrituras tanto do Antigo como do Novo Testamento, e a consequente infalibilidade de todos seus ensinamentos; - doutrina da Trindade; que existe um Deus que subsiste em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito, o mesmo em substância e igual em poder e glória; - a doutrina dos decretos e da predestinação, como apresentados acima; - a doutrina da criação, a saber, que o universo e tudo que existe nele não é eterno, não é necessariamente um produto da vida de Deus, não é procedente de uma substância divina, mas deve sua existência, como substância e forma, exclusivamente à Sua vontade.

E se referindo ao homem, que foi criado a imagem de Deus, em conhecimento, justiça e santidade, e não em puris naturalibus, sem qualquer caráter moral; - a doutrina da providência, a qual Deus governa completamente todas as criaturas e suas ações, e nada acontece que não seja de acordo com sua infinita sabedoria, santidade e benevolente propósito; - a doutrina da aliança; Primeiramente, a aliança das obras, em que a vida foi prometida a Adão e a toda sua posteridade, com a condição de perfeita e pessoal obediência; e segundo, a aliança da graça, pela qual Deus livremente ofereceu a todos os pecadores vida e salvação através de Jesus Cristo, requerendo deles a fé nEle, para que sejam salvos, e prometendo dar, a todos que são destinados à vida, Seu Espírito Santo, para torná-los capazes e dispostos a crer; - a doutrina a respeito de Cristo nosso Mediador, estabelecido por Deus para ser nosso Profeta, Pastor e Rei, o Cabeça e Salvador de Sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas, e Juiz do mundo; do qual Ele fez, desde a eternidade, um povo para ser Sua descendência, para no tempo certo ser redimido, chamado, justificado, santificado e glorificado; e o eterno Filho de Deus na mesma essência com o Pai, tomou sobre si a natureza do homem, de modo que duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas.

 

A Divindade e a humana, fossem inseparavelmente unidas em uma pessoa, sem substituição ou mistura ou confusão de substância; que o Senhor Jesus Cristo, por perfeita obediência e sacrificando a si mesmo, satisfez plenamente a justiça do Pai e obteve não somente a reconciliação, mas uma herança eterna no reino dos céus para todos aqueles que o Pai lhe deu; - a doutrina do livre arbítrio; ou seja, que o homem foi criado não somente como um agente livre, mas com a habilidade de escolher o bem ou o mal, e por essa escolha determinar seu destino e caráter futuro; que na queda ele perdeu a habilidade para o bem espiritual; e pela conversão, Deus, através de seu Espirito, permite ao pecador se arrepender e crer livremente; - a doutrina do chamado eficaz ou regeneração; em que aqueles, e somente aqueles a quem Deus predestinou para vida, Ele verdadeiramente chama, por sua Palavra e Espírito, de um estado de morte espiritual para um estado de vida espiritual, renovando seu arbítrio, e por Seu grandioso poder suscitando seu arbítrio, e assim, efetivamente atraindo-o para Cristo, para que se aproximem espontaneamente; e esse chamado eficaz acontece somente pela gratuita e especial graça de Deus, não de algo previsto pelo homem.

 

A doutrina da justificação; à qual é um ato gratuito, ou um ato de graça por parte de Deus; o que não consiste em nenhuma mudança subjetiva de estado, nem simplesmente perdão, mas abrange uma declaração e aceitação do pecador como justificado; e não se baseia em nada elaborado ou feito por nós; nem na fé ou obediência evangélica, mas simplesmente no que Cristo fez por nós; isto é, em Sua obediência e sofrimento até a morte; sendo a justiça de Cristo uma satisfação adequada, real e plena à justiça de Deus, Sua perfeita justiça e abundante graça são exaltadas na justificação dos pecadores. A doutrina da adoção; na qual aqueles que são justificados são recebidos na família de Deus, são participantes do Espírito e dos privilégios dos Seus filhos; - a doutrina da santificação; que aqueles que foram regenerados pelo Espírito de Deus, por seu poder e habitação, no uso dos meios designados da graça, tornam-se cada vez mais santos; tal obra, embora sempre imperfeita nesta vida, é aperfeiçoado na morte; - a doutrina da fé salvadora; que é dom de Deus e obra do Espírito Santo, pelo qual o cristão recebe como verdadeiro, sob a autoridade de Deus, tudo o que é revelado em sua Palavra; os atos especiais pelos quais a fé é dada e repousa somente em Cristo para justificação, santificação e vida eterna.

 

A doutrina do arrependimento; o qual o pecador, com compreensão e consciência, não somente do perigo, mas da odiosidade do pecado, e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, com pesar e aversão dos seus próprios pecados, se volta para Deus, com pleno propósito e diligencia para uma nova obediência; - a doutrina das boas obras; as quais Deus nos ordenou; são frutos da fé; tais obras, embora não sejam necessárias como fundamento de nossa justificação, são indispensáveis, e no caso dos amadurecidos na fé como uma insígnia da habitação do Espírito Santo no coração dos fiéis.

 

A doutrina da perseverança dos santos; que aqueles que foram efetivamente chamados e santificados pelo Espírito não podem nunca totalmente ou definitivamente deixar o estado de graça; porque o decreto de eleição é imutável; pois o mérito de Cristo é infinito e sua intercessão é constante; porque o Espírito habita no povo de Deus; e por causa da aliança da graça assegura a salvação de todos os que creem. A doutrina da segurança; pela qual a garantia de salvação é almejada, possível e compulsória, mas não é da essência da fé; - a doutrina da lei; que é a revelação da vontade de Deus e uma regra perfeita de justiça; que é perpetuamente obrigatório para pessoas justificadas e também para outras pessoas, embora os fiéis não estejam sob ela como uma aliança de obras.

 

A doutrina da Liberdade Cristã; que inclui a liberdade da culpa do pecado, da condenação da lei, do espírito jurídico, da escravidão de Satanás e do domínio do pecado, do mundo e, finalmente, de todo o mal, juntamente com o livre acesso a Deus como seus filhos. Desde o advento de Cristo, seu povo também é liberto do jugo da lei cerimonial. Somente Deus é o Senhor da consciência, o qual Ele libertou das doutrinas e dos mandamentos dos homens, que são contrários à Sua Palavra e, além disso, nas questões de fé ou adoração. As doutrinas sobre adoração e dia do descanso, sobre votos e juramentos, do magistrado civil, do casamento, não contêm nada de característico ao nosso sistema, ou que seja motivo de controvérsia entre os presbiterianos. O mesmo se aplica ao que a Confissão ensina a respeito da Igreja, da comunhão dos santos, dos sacramentos e do estado futuro, e da ressurreição dos mortos e do julgamento final.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

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