sexta-feira, 19 de agosto de 2022


Série Calvinismo Britânico - Rev. John Hunter.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

O Calvinismo Britânico:

O objetivo das páginas de “O Calvinismo da Igreja da Inglaterra,” que estaremos publicando na sequência, é demonstrar, em suas próprias palavras, até que ponto os formulários da Igreja da Inglaterra são o que popularmente é chamado de calvinistas; e elucidar suas declarações por meio de citações de escritos de nossos principais reformadores; especialmente daqueles por quem nossos formulários foram organizados ou compostos [1].

 

As citações estão organizadas sob os seguintes temas principais: "A Corrupção da Natureza Humana"; "A Justificação pela fé"; "A Salvação pela graça"; "A Predestinação e Eleição"; "A Perseverança dos Santos". São feitas citações dos seguintes reformadores: Cranmer, Latmer, Riddley, Hooper, Bradford e Jewel; todos foram bispos, exceto Bradford, que, no entanto, tem argumentos que se fazem ouvir sobre o tema; todos foram mártires - com a exceção de Jewel - o que fornece a mais alta prova da sinceridade de suas crenças nas doutrinas que professavam. Enquanto o organizador desta compilação mantive a esperança de que, sob a benção de Deus, a leitura franca das páginas seguintes possa ser útil para alguns, cujos pontos de vista até agora não estiveram de acordo com as doutrinas que nossos Reformadores sustentaram, certamente lamentaria ser aquele que encabeçou o projeto. Lamentaria ser aquele que desperta o espírito dogmático e controverso. Sobre esse assunto, o autor chama a atenção do leitor para as importantes observações contidas na seguinte passagem de uma excelente carta de John Newton: “Eu sou um calvinista declarado: os pontos que normalmente são compreendidos nesse termo me parecem tão consoantes com as Escritura, com a razão (quando iluminada) e com a experiência, que não tenho a menor sombra de dúvida sobre eles.

 

Mas não posso contender, não me atrevo a especular. O que é chamado por alguns de alto calvinismo, eu temo. Sinto muito mais união de espírito com alguns arminianos do que com alguns calvinistas; e se eu pensasse que uma pessoa teme o pecado, ama a palavra de Deus e está buscando a Jesus, eu não dedicaria meus esforços para torna-la um prosélito para as doutrinas calvinistas. Não porque eu ache que são meras opiniões, ou tenham pouca importância para um crente, penso exatamente o contrário; mas porque creio que essas doutrinas não farão bem a ninguém, até que lhes sejam ensinadas por Deus. Acredito que um assentimento muito apressado aos princípios calvinistas, antes que uma pessoa esteja devidamente familiarizada com a praga de seu próprio coração, é a causa principal da profissão de fé rasa que é tão abundante atualmente, a razão principal pela qual muitos professores são imprudentes, inebriantes, altivos, contenciosos em palavras e, infelizmente, negligentes quanto aos meios da determinação Divina. Por essa razão, suponho, embora eu nunca pregue um sermão em que as cores do Calvinismo não possam ser facilmente discernidas por um ouvinte criterioso, raramente insisto expressamente nesses pontos, a menos que eles estejam justa e necessariamente no caminho do meu objetivo.

 

Acredito que a maioria das pessoas que estão verdadeiramente vivas em Deus, mais cedo ou mais tarde se deparam com algumas dificuldades que as obrigam a se refugiarem naquelas doutrinas reconfortantes que talvez receavam, se não é que abominassem, por não saberem como superar algumas duras consequências que achavam necessariamente resultantes delas, ou porque tropeçaram nos erros daqueles que as professavam. Desta forma, eu mesmo fui feito um calvinista. E estou contente em deixar o Senhor seguir seu próprio caminho e seu próprio tempo com os outros”. [2] Pode não ser irrelevante observar que, no que diz respeito a muitos que são hostis ao calvinismo, as doutrinas contidas nas três primeiras seções das páginas seguintes lhes são bem mais acessíveis do que aquelas que abordam a “Predestinação e Eleição” e a “Perseverança Final”; é sobre os sentimentos contidos nestes dois últimos temas que os piedosos arminianos, como os mencionados por Newton, são os principais destinatários.

 

Como clérigo da Igreja da Inglaterra, o compilador deste trabalho não pode deixar de se alegrar no então crescente corpo de seus ministros pelos quais as doutrinas da Reforma eram estabelecidas; nem deixou de orar para que o Cabeça da Igreja continuasse acrescentando ao seu número e prosperando abundantemente seus trabalhos.


Uma breve introdução aos Reformadores Ingleses:

 

Thomas Cranmer, Arcebispo de Cantuária; nascido em 1489; feito bispo em 1532; martirizado, sob a Rainha Maria, a Sanguinária, em 1556. Um dos autores das Homilias. Tão grande foi a benevolência de Cranmer, e sua prontidão para perdoar ofensas, que um ditado se tornou comum: "Trate o senhor de Cantuária de modo malicioso e ele será seu amigo para sempre". Sem dúvida, Cranmer foi o instrumento principal para a concretização da Reforma Inglesa.

 

Hugh Latimer, Bispo de Worcester; nascido por volta de 1470; feito bispo por volta de 1536; martirizado sob a Rainha Maria, a Sanguinária em 1555. Um dos autores das Homilias. Pela fidelidade e simplicidade de seus sermões, ele foi particularmente útil na promoção da Reforma. Suas palavras a Ridley, depois que ele foi amarrado à estaca, não serão facilmente esquecidas: “Tende bom conforto, Mestre Ridley, e tenha coragem; hoje, pela graça de Deus, acenderemos uma vela na Inglaterra, e eu creio que jamais será apagada”.

 

Nicholas Ridley, Bispo de Londres; nascido por volta de 1500; feito bispo por volta de 1547; martirizado sob a Rainha Maria, a Sanguinária, em 1555. Um dos autores das Homilias. Estimado como o mais instruído dos Bispos engajados na Reforma durante o reinado de Eduardo. Um homem gentil, que ao substituir o Bispo Bonner, que fora deposto, agiu honradamente para com o mesmo e para com sua família, chegando a assumir obrigações trabalhistas de seu antecessor. Notório se tornaria o tratamento de Ridley para com a velha senhora Bonner, mãe do cruel ex-bispo de Londres:

 

Quando assumiu a honrosa posição, o bispo protestante frequentemente convidava a mãe de Bonner para comer em seu palácio, tratando-a como sua própria mãe; cuidados que ele estendeu também a irmã de Bonner e a outros parentes do mesmo. A atitude de Ridley marcou um contraste poderoso com a atitude vingativa de outros prelados favoráveis à Igreja de Roma, o que não poderia deixar de ser altamente favorável à causa dos reformadores.

 

John Hooper, bispo de Worcester; nascido em 1495; feito bispo em 1550; martirizado sob o reinado de Maria, a Sanguinária, em 1554. Em suas claras e convincentes exposições da verdade bíblica, não foi inferior a nenhum dos Reformadores.

 

John Bradford, cônego da Igreja de São Paulo; provavelmente nasceu no início do reinado de Henrique VIII, e feito mártir sob o reino de Maria, a Sanguinária, em 1555. Bradford foi capelão do bispo Ridley; que lhe presta este testemunho: “Em minha opinião, julgo o senhor Bradford mais digno de ser bispo do que muitos de nós bispos”.

 

John Jewel, Bispo de Salisbury; nasceu em 1522 e foi feito bispo em 1560. Um dos autores das homilias. “Jewel é principalmente conhecido e honrado, nos dias atuais, como o autor da imortal Apologia da Igreja da Inglaterra. Mas, não se faz plena justiça a sua memória sem reconhecer a extensão e o valor de sua gigantesca obra” - Le Bas.

 

Reverendo John Hunter, Lansdown Place, Bath; 19 de dezembro de 1810. [1] Os artigos, originalmente quarenta e dois, foram elaborados principalmente por Cranmer e Ridley. Eles foram revisados após a ascensão de Isabel e reduzidos a trinta e nove sob a direção de Parker; e o bispo Jewel deu-lhes a configuração final. - Ver Short History of the Church of England, vol. i, apêndice C, p. 481. O Livro de Oração Comum foi elaborado por Cranmer, com a ajuda de Bucer e Peter Martyr, e outros teólogos. Já as Homilias parecem ter sido principalmente fruto das canetas de Cranmer, Latimer, Ridley, Hopkins, Bucer e Jewel. - Ver Short's History, vol. ii., p. 312 e vol. i. p. 359. [2] Works of the Rev. John Newton, Rector of St. Mary Woolmoth, vol. vi., pp. 278, 279.

Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.

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