O Sacerdócio Cristão / Tratados da Associação da Igreja.
Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
O Sacerdócio Cristão, Tratado 002 da
Associação da Igreja:
I.
O ofício do Sacerdote Judeu era “oferecer sacrifícios e ofertas pelos pecados”.
Esta era sua função especial. (Heb. 5. 1.) Ele
deveria mergulhar o seu dedo no sangue da oferta pelo pecado e aspergir sete
vezes diante do Senhor. Ele sozinho ia ao Santo dos Santos uma vez por ano, mas
não sem sangue, que ele ofereceu por si mesmo e pelo povo.
II.
Cristo é o único sacerdote na dispensação cristã. (Heb. 3. 1.) Ele executa
todas as funções sacerdotais. Sacerdote e Mártir, Ele se sacrificou uma vez e
apenas uma vez.
Prova.
''que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer sacrifícios
todos os dias, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo;
porque fez isto uma vez por todas, quando ofereceu a Si mesmo”. (Heb. 7. 27).
Ele
não entrou para oferecer a si mesmo muitas vezes... Se fosse assim, ele
precisaria ter sofrido muitas vezes. (Heb. 9. 25,26.)
Assim
também Cristo, tendo se oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de
muitos (Heb. 9. 28.) “Somos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo
de uma vez por todas”. (Heb. 10. 10-14).
É
evidente pelo que foi exposto que Cristo como sacerdote ofereceu Seu único
sacrifício de uma vez por todas. Esta verdade não poderia ser apresentada mais
claramente. Ele não se sacrifica mais, pois seu sacrifício estava ligado ao Seu
sofrimento. (Heb. 9. 25, 26.) Ele se sacrificou e sofreu; mas Cristo não morre
mais, ele não sofre mais. Mas, em virtude desse sacrifício que uma vez foi
oferecido "ele agora encontra-se na presença de Deus em nosso favor".
Cristo é o único sacerdote, seu sacrifício é a única oferta e essa oferta foi
"consumada na cruz".
III.
Os apóstolos não eram sacerdotes. Eles nunca foram chamados por esse título. Os
sacerdotes judeus eram chamados assim, como também o sacerdote de Júpiter em Listra.
Todos os cristãos são assim nomeados (Ap. 1. 6, e v. 10), e tem sobre si um Sacerdócio
Real, (1 Pedro 2. 9.). Mas, os apóstolos e os ministros cristãos, diferente do
povo, são chamados de Anciãos, Bispos, Diáconos, Embaixadores, Pregadores,
Professores, Pastores, Profetas, mas nunca Sacerdotes.
IV.
Isso seria inexplicável se o ofício sacerdotal fosse de fato sua principal e
mais importante função. Nesse caso, eles seriam designados com todos os títulos,
mas este seria o mais importante e o mais apropriado para eles. Agora,
considerando o quão natural teria sido para os judeus terem usado esse título,
é decisivo o fato dele, exclusivamente, não ter sido utilizado. Eles não eram sacerdotes.
V.
Nenhuma função sacerdotal foi atribuída a eles. O ofício sacerdotal era oferecer
sacrifício, derramar o sangue da oferenda e aspergir sobre o pecador; isso eles
nunca fizeram. Eles não mataram nenhum animal, não aspergiram nenhum sangue. Mas
eles pregaram a abolição de todos os sacrifícios de animais (Heb. X. 9.) e
proclamaram toda a suficiência da oferta e do sangue que foi derramado.
VI.
Todos os cristãos são sacerdotes para oferecer sacrifícios espirituais - a. de si mesmos, Rom. 12. 1 b. de Louvor, Heb. 13. 15 c. de boas obras, Fp. 4. 18 O Novo Testamento não conhece outro sacerdócio
aqui na Terra, exceto este.
VII.
A Igreja da Inglaterra não tem sacerdotes sacrificiais a. Em sua ordenação, ela riscou as palavras “Recebam o poder de oferecer
sacrifícios” e substituiu estas palavras por: "Sê tu fiel distribuidor da
Palavra de Deus e dos seus santos Sacramentos". b. A Igreja não menciona altar, somente “o Altar da Cruz”. Seu octogésimo
segundo cânone estabeleceu “Uma mesa aceitável de comunhão” para a Ceia do
Senhor. A palavra Altar foi eliminada de seu Livro de Oração e substituído por
"Mesa". c. A Igreja nunca considera
o Sacramento da Ceia do Senhor um sacrifício expiatório, mas ela considera todo
o Serviço um sacrifício de louvor e ações de graças. Essa mesma expressão é
encontrada em uma oração alternativa na pós-comunhão, que não precisa ser
usada. d. A Igreja fala do “único sacrifício de Cristo consumado na cruz”, da
“oferta de Cristo uma vez feita”, e o sacrifício de Si mesmo foi uma única vez
oferecido”, as palavras não podiam rejeitar mais claramente qualquer suposta
repetição ou continuação do sacrifício de Cristo; enquanto a Homilia nos
adverte “que permaneça na memória o sacrifício feito.”
VIII.
Os Reformadores rejeitaram a ideia de sacerdotes sacrificiais.
CRANMER:
- “É necessário conhecer a distinção e diversidade de sacrifícios. Um tipo de
sacrifício existente é o chamado expiatório. Este sacrifício é apenas um, a
morte do Filho de Deus. Existe outro tipo de sacrifício que não nos reconcilia
com Deus, mas é feito por aqueles que são reconciliados. É conhecido como um
sacrifício de louvor, exaltação e ações de graças - o primeiro sacrifício é o
que Cristo ofereceu a Deus por nós; o segundo, o que nós mesmos oferecemos a
Deus através de Cristo.” “Mas todos os sacerdotes que fingem ser os sucessores
de Cristo ao fazer o sacrifício dEle são os mais hediondos e horríveis adversários”.
LATIMER:
- “Levante-se do altar, sacerdotes profanadores, pois você não tem autoridade no
Livro de Deus de oferecer nosso Redentor; e vocês leigos se afastem dos sacrifícios
forjados que os papistas inventam para ser o senhor de vocês e receber o seu
dinheiro. Se eles tivessem um prego cravado em um dos seus ouvidos toda vez que
eles apresentam suas ofertas, como Cristo teve quatro pregos cravados em suas
mãos e pés, eles logo deixariam de ofertar”.
JEWELL:
- “Não, Sr. Harding, nem nós nem você poderíamos sacrificar a Cristo, nem Ele
nunca lhe deu a autorização para fazer tal sacrifício”.
IX.
Argumentos avançados pelos romanistas em favor do Sacerdócio:
1.As
palavras "Faça isso em memória de mim" constituíam os apóstolos como sacerdotes.
Resp.
Este é um simples comando de Cristo aos apóstolos, e através deles a todos os
Seus discípulos para que façam o que Ele fez, da seguinte maneira: Partir o pão
e comê-lo em memória do corpo de Cristo e assim, anunciar e proclamar a morte
do Senhor até que Ele venha. A palavra traduzida como "fazer" é uma
das palavras mais comuns e, quando compreendida em si mesma, nunca significa
oferecer um sacrifício. A fim que se dê esse significado, deve-se sempre ter
alguma outra palavra de importância sacrificial junto a ela, caso contrário,
significa simplesmente "fazer".
2.
As palavras "todo aquele que perdoar os pecados", etc. confere
funções sacerdotais.
Resp.
Não exatamente. Cristo, assim, capacitou e ordenou que seus apóstolos
perdoassem o pecado através da pregação da Palavra. Eles fizeram isso, como
encontramos registrado em Atos 10. 43, 13. 38, 39, cf. Lucas 24. 47, Atos 26.
18. A eles foi confiada a palavra da reconciliação. Eles nunca levaram sobre si
o perdoar os pecados, assim se comparando a Deus; entretanto eles determinavam
ou removeriam censuras eclesiásticas. (1 Cor. 5. 5; 2 Cor. 2. 10).
3.
Malaquias predisse a oferta da Missa nas palavras: “em todo lugar será oferecido
incenso ao meu nome e uma oferta pura” (Cap. 1. 11).
Resp.
Essa profecia se refere ao incenso espiritual e aos sacrifícios de oração e
louvor já mencionados (cf. Ps. CXLI. 2; Ap. V. 8), e, talvez, também possa ter
uma referência especial ao perfume e sacrifício mencionado por Paulo (Fil. 4.
17), isto é, o incenso e o genuíno sacrifício, contribuições dedicadas para a
causa de Deus e seu Evangelho. Comparar Mal. 1. 7, 8, com esta passagem. Finalmente,
não é verdade que o Novo Testamento nunca fala de Cristo apenas como nosso
Sacerdote (Heb. 7. 11, 15, 17), embora geralmente o chame de Sumo Sacerdote,
pois, o Sumo Sacerdote Judeu era o exemplo mais notável de Messias; e é verdade
que o Sacerdotalismo e o Sacramentalismo são desconhecidos no Novo Testamento. A
Igreja nos ensina que “não devemos reconhecer nenhum outro sacerdote para
perdão dos nossos pecados, mas somente nosso Salvador Jesus Cristo.” (Hom. de
arrependimento.)
Não
precisamos então de sacerdotes terrenos, pois temos o Apóstolo e Sumo Sacerdote
de nossa confissão, Jesus Cristo. “Ele pagou por nosso resgate através da sua
morte; Ele cumpriu a lei em Sua vida por nós, para que nEle e por Ele todo
homem cristão possa ser considerado cumpridor da lei”. (Hom. de Salvação, 1ª
parte.).
Ele
é, portanto, o único Sacerdote e mártir por quem a expiação é feita. Nem precisamos
de qualquer sacerdote para empregar os méritos deste sacrifício às nossas
almas. A fé é o único meio, pelo qual abraçamos o Evangelho e lavamos nossas
almas no sangue de Cristo.
“Nisto
vós não precisais da ajuda de nenhum outro homem, nenhum outro sacrifício ou
oferta, nenhum sacerdote sacrificial, nenhuma missa, nenhum meio estabelecido
pela invenção do homem”. (Hom. sobre o Sacramento).
Visto
que Cristo tem um sacerdócio intransferível (Hb. 7. 24,) e que Ele pode se
comover com a percepção de nossas fraquezas e nos amparar em todas as nossas
tristezas. - Portanto, aproximemo-nos do
Trono da Graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos
graça para ajuda em momento oportuno. (Heb. 4. 16).
Notas finais:
1)
A palavra sacerdote no Livro de Oração é simplesmente uma contração da palavra
presbítero, ou ancião, como é expressado pelo Dr. Hook, em seu Dicionário da
Igreja.
2)
Leia “Homilia do Arrependimento”, segunda parte, citada no artigo “Devemos nos
Confessar?” P. 4. Veja também Decisão no "Caso do Altar de Pedra",
Faulkner v. Litchfield e Stearn. 1 Roberts, 184.
3)
As palavras “todo que pecar” etc. etc. nunca foram usadas na ordenação do clero
em nenhuma igreja cristã por mil e duzentos anos depois de Cristo; nem as palavras
“eu te absolvo” jamais foram usadas pelo clero até depois dessa mesma época!
4) Esta passagem é citada como prova da Missa pelo Concílio de Trento. Sess. 22. Cap. 1.
Pesquisador, Tradutor, Editor e Organizador: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
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