A eternidade de Deus (5).
Autor: Rev. Prof. Dr. Kuiper, Dale H. Traduzido e adaptado por: Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.
“SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus. Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Salmo 90:1-4”
A passagem
acima nos instrui em outra das virtudes divinas ou atributos adoráveis chamado
de eternidade de Deus. Este é um atributo de Deus que é palpável somente para
Ele. O Deus da nossa salvação não compartilha essa qualidade conosco em nenhum
sentido. Só Deus é eterno; não somos, nem nos tornamos, eternos. Devemos,
portanto, ser mais cuidadosos quando falamos da glória celestial em Cristo. No
Salvador ressurreto temos vida sem fim ou eterna, mas na verdade não temos vida
eterna em nós mesmos. Mesmo no céu somos criaturas que não se tornam eternas. A
eternidade de Deus pertence àqueles atributos que são designados pela palavra
infinito ou imensidão. O infinito aplicado ao espaço é onipresença; Deus é
onipresente na medida em que Ele é exaltado acima das limitações do espaço.
O infinito aplicado ao tempo é eterno; Deus é eterno porque é exaltado acima das limitações do tempo. a eternidade de Deus está intimamente relacionada a vários outros atributos de Deus. Somente o Deus eterno pode ser independente e livre. Somente o Deus eterno pode ser soberano sobre todas as coisas. Somente o Deus eterno pode ser imutável sem qualquer mudança. A estreita relação entre esses atributos é claramente demonstrada pelo fato de que o grande nome Jeová (eu sou o que sou) revela claramente que Deus é independente, soberano e para sempre o mesmo.
O fato de a
Escritura citada acima ser encontrada nos Salmos significa que a eternidade de
Deus é algo sobre o qual a Igreja de Jesus Cristo canta e se alegra! A igreja
adora cantar sobre seu eterno Deus Salvador, mesmo quando isso significa que o
contraste é igualmente verdadeiro; somos como a grama, passamos nossos anos
como um conto que é contado, logo somos cortados e voamos para longe. Várias
conclusões decorrem das verdades da eternidade de Deus e nossa temporalidade.
Deus deve ser temido mesmo por causa de Sua ira. Devemos contar nossos dias e
aplicar nossos corações à sabedoria de Deus. E se algum dos trabalhos de nossa
vida deve durar, o Deus eterno deve estabelecê-lo; por isso somos ensinados a
orar. "Estabeleça a obra de nossas mãos."
O pai da
igreja primitiva Agostinho, bispo de Hipona, norte da África, escreveu certa
vez. "Se ninguém me perguntar que horas são, eu sei; se quiser explicar a
quem pergunta, não sei." O que é tempo? O que é eternidade? Você terá que
me permitir, a seguir, falar da eternidade em termos de tempo. Mesmo que tempo
e eternidade não sejam a mesma coisa, a Palavra de Deus fala para nós criaturas
sobre eternidade usando os termos de tempo, ao mesmo tempo deixando claro que
eles não são a mesma coisa. Quando pensamos que Deus não tem começo nem fim,
imediatamente começamos a pensar naquela eternidade impressionante enquanto o
tempo se estendia infinitamente para trás e para frente. Achamos que o tempo sem
fim no passado mais o tempo sem fim no futuro é igual à eternidade! Isso não
está correto. A eternidade difere do tempo não apenas
quantitativamente (quanto à quantidade),
Concordamos com Agostinho que o
tempo é difícil de compreender e definir, mas todos concordam que o tempo
inclui várias ideias: sucessão de momentos, começo e fim e principalmente
mudança. O tempo é uma criatura de Deus, feita "no princípio",
regulada pelo sol e pela lua que Deus colocou nos céus para o tempo e para as
estações. E o tempo envolve mudança. A boa gramática exige que falemos do
presente, do futuro e do passado.
Mas com o homem o futuro está sempre se tornando o presente, e o presente se torna o passado. Nunca podemos dizer verdadeiramente "Eu Sou", pois no momento em que o dizemos já mudamos. A fração de segundos o que chamamos de presente já se tornou passado!
Deus não tem começo nem fim! Deus não é controlado pelo tempo, não pensa em termos de tempo, não conta com o tempo, mas é exaltado acima do tempo. O Ancião dos Dias não é uma criatura que o tempo deva ter qualquer efeito ou controle sobre Ele. Uma bela implicação do nome Jeová é que Deus nunca diz "eu era" porque isso implicaria mudança para melhor ou pior, nem diz "eu serei" o que também implicaria algum tipo de mudança; eternamente Deus diz EU SOU. Nunca o Perfeito passa pelo processo de tornar-se.
Deus vive no
eterno presente! E a vida que Ele vive no eterno presente não é uma vida vazia
e estática, mas a vida da Divindade é uma vida plena e rica na qual todas as
coisas estão constantemente presentes com Ele. Que Deus é eterno e imutável não
implica ociosidade ou repetição ou imperfeição, mas sim plenitude de vida, perfeição
de beleza e atividade abençoada! Algum conteúdo é dado a esta vida de Deus no
Salmo 90, versículo um:
"Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração". Voltaremos a essa rica ideia um pouco mais tarde, mas aqui devemos ver que o Deus eterno é o Deus da aliança, vivendo dentro de si uma vida plena e rica de aliança de amizade! De eternidade a eternidade, Ele é esse tipo de Deus!
Que contraste entre o Deus eterno e imutável e a criatura chamada de homem. No versículo três aprendemos que o homem logo volta ao pó, pela poderosa Palavra de Deus: “Voltem, filhos dos homens”. No versículo quatro aprendemos que “mil anos aos teus olhos são como o ontem passado, e como a vigília da noite”. Achamos que um dia é curto, e achamos que mil anos é muito tempo! Nem mesmo Matusalém viveu mil anos: nem um homem, nem um reino, nem uma nação. Mas um dia e um milênio são iguais para Deus! Deus não considera um mais ou menos do que o outro, pois Deus nem mesmo pensa nesses termos.
Mas o que
realmente destaca o contraste entre o Deus eterno e nós, filhos dos homens, é a
referência do salmista à grama (versículos 5, 6). Essa comparação do homem com
a grama é encontrada em todas as Escrituras. Não somos comparados a um carvalho
ou a um cedro, mas a uma erva! De manhã a grama floresce, à tarde é cortada e
murcha.
Assim como a foice corta a grama, a foice vem para nos remover da terra. O propósito desta comparação é humilhar a criaturinha de Deus conhecida como homem. Somos como a grama. A maior glória e honra que podemos alcançar nesta vida é como a flor da grama. E o Deus diante de quem vivemos é tão grande e tão glorioso que está acima de todo o tempo e dos ditames, tirania e devastação do tempo. O propósito adicional de sermos comparados à grama é nos levar a adorar este grande Deus! Nossos dias são contados em 70 anos, ou se Deus dá um pouco mais de forças, 80 anos; e o que passar disso é enfado e canseira. A maravilha é que o Deus eterno está até atento a nós, muito menos nos ama e cuida de nós! O autor deste Salmo Moisés acreditava nisso em relação ao Deus atemporal, e nós também devemos! (ver versículos 14-17).
A grande
bem-aventurança da eternidade de Deus para o Seu povo é dada no primeiro
versículo: "Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em
geração". Longe de ser uma verdade abstrata, a eternidade de Deus está
repleta de ricas implicações para o crente. Em outra parte das Escrituras lemos
que Deus habita em nós; aqui, lemos que em cada geração, os filhos de Deus
habitam Nele! As Escrituras usam a palavra habitar para denotar a convivência
de Deus com Seu povo, para denotar uma vida de amizade com Deus e segurança em
Deus. Em cada geração, os santos encontraram sua morada não em templos ou
igrejas, mas no grande Deus estabelecido muito além de templos e igrejas de concretos.
Quando Abraão saiu de Ur e habitou em uma tenda em Canaã, quando Israel estava cativo no Egito, quando viajou pelo deserto, estabeleceu-se na terra prometida, foi levado cativo e depois voltou, assim como na Nova Dispensação... o Deus eterno é a morada dos santos! Com Ele há sempre conforto, segurança, refrigério e nutrição! Com Ele há plenitude de alegria! Você faria sua morada em outro lugar? Você depositaria sua confiança nos exércitos, sua amizade com o mundo, sua dependência de algum governo ou outra agência humana em tempos de necessidade? Uma palavra mostrará a tolice disso: grama!
O tempo faz
com que reis morram, lugares desmoronem, nações desapareçam. Olho para cima!
Olhe para a habitação eterna que é o próprio Jeová, a quem o tempo não pode
tocar, que nunca muda em si mesmo ou em relação ao seu querido povo. O Deus que
é eterno em Si mesmo, é o Deus eterno da aliança da graça. O Deus que está
acima do tempo em relação a si mesmo, controla e usa o tempo para realizar todo
o bom prazer de sua vontade. O Deus que não considera mil anos como diferente
de um único dia trará Sua igreja a Si mesmo para que ela possa desfrutar o
mundo de seu Deus sem fim na nova criação. Há várias implicações práticas que
devem ser mencionadas no encerramento. Quando o Deus eterno fala conosco,
criaturas limitadas pelo tempo, às vezes podemos ter dificuldade em compreender
Sua fala.
Temos
referência à Sua promessa de enviar Cristo a nós rapidamente. O que devemos
pensar do fato de que quase 2.000 anos se passaram desde que a Bíblia foi
concluída e Cristo ainda não voltou? O diabo e os falsos mestres são rápidos em apontar para nós que esse
atraso sem fim significa simplesmente que Deus e Sua Palavra não são
confiáveis. Você pode ler sobre esta blasfêmia em II Pedro três. E às vezes o
filho de Deus começa a pensar que 2.000 anos é muito tempo; ele pode até
começar a vacilar em sua esperança pelo retorno de Jesus. Mas então a Palavra
de Deus é rápida em apontar: “Amados, não ignoreis uma coisa, mil anos para Deus
é como um dia!!!” Em segundo lugar, devemos aprender a contar nossos dias e
aplicar nossos corações à sabedoria. Podemos pensar que a vida é longa, que
ainda temos muitos dias para viver. Os jovens podem pensar que sempre há tempo
mais tarde para ser espiritual; conte seus dias, como eu conto os meus. Sejam
sábios e apliquem seus corações à sabedoria do eterno. O que é sabedoria?
Sabedoria é conhecer a nós mesmos como grama, saber que Cristo vem para julgar
todos os homens, orar por essa vinda gloriosa e acreditar que tudo queimará,
exceto o que foi estabelecido por Deus. Quando Deus vem, Ele vem como a morada
de todas as gerações. O Deus eterno é a nossa habitação.
Enfim, depois de tudo que foi dito até aqui, concluímos com o pensamento do tradutor, editor e organizador desta séria maravilhosa em língua portuguesa:
Todos, nascem arminianos, é a graça de Deus que vai tornar alguns e apenas alguns; “hipercalvinistas” supralapsarianos!!!
(Rev. Prof. Dr. Albuquerque G. C.).